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Sunday, December 17, 2006
Carta Arqueológica do Algarve- 1883
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Sunday, December 03, 2006
COROGRAFIA I: PORTOS ROMANOS
A sua caracterização é, porém, frequentemente simplista e pouco informativa.
Como alternativa, abordo-os do ponto de vista da geografia humana clássica, que integra perfeitamente os aspectos físicos, económicos, técnicos e geopolíticos da navegação e dos seus assentamentos.
Considero que os portos podem ser melhor explicados a partir de uma nomenclatura factorial. Tendo uma natureza multidimensional, a sua caracterização pode decompor-se em factores (construções descritivas independentes), que se recombinam na descrição de sítios portuários concretos.
Apresento assim uma tipologia operativa que permite a avaliação de um amplo leque de locais e estruturas portuárias, baseada em sete eixos, ou dimensões, distintas:
I. Topologia geográfica de agregados portuários
II. Situação portuária, segundo os tipos de morfologia costeira
III. Funções do porto no sistema de navegação
IV. Valências e infra-estruturas do porto para a navegação
V. Hierarquia do lugar central onde se localiza (específica da Época Romana)
VI. Perfil de especialização das actividade utilizadoras
VII Classificação geopolítica básica dos portos romanos
Esta tipologia pretende ajustar-se aos exemplos conhecidos ou previsíveis na região de estudo (o Golfo de Cádiz), podendo servir como formulário de orientação da pesquisa, descrição e avaliação de estabelecimentos e posições portuárias.
Devido às restrições de edição, as tabelas são apresentadas como imagens.
I - Topologia geográfica de agregados portuários
Agrupamentos geográficos e funcionais de portos
II - Situação portuária, segundo os tipos de morfologia costeira
Enumeração das principais situações portuárias, relativos aos tipos de morfologia costeira existentes na área do Golfo de Cádis, tendo em conta a complexidade recursiva dos sistemas lagunares.As situações podem ser exclusivas entre si (ex.: 1.1 e 1.2) ou constituir subcritérios inclusivos (ex.: 2.a e 2.b). A recursividade é indicada por (ver item).
III - Funções que o porto desempenha no sistema de navegação
Tipologia técnica dos portos
IV - Valências e infra-estruturas portuárias que oferece aos navegadores
Elementos valorizadores dos portos, do ponto de vista das profissões e interesses ligados á actividade da navegação
V - Hierarquia do lugar central onde se localiza (taxonomia específica da Época Romana)
Classificação dos portos segundo o tipo de assentamento em que se localizam
VI - Perfil de especialização. Nomenclatura de actividades
A combinação do peso local das actividades define o perfil de especialização de cada porto. A existência de portos altamente especializados numa actividade ou em que essa actividade tem um peso determinante permite atribuir-lhes uma designação própria.
A hierarquia taxonómica das actividades (aqui representada num sistema de classificação decimal) pode ser considerada em qualquer nível adequado. A lista abaixo constitui um ponto de partida que articula os sectores pré-industriais de actividade com as particularidades da economia romana e da sua arqueologia.
VII - Tipologia geopolítica elementar
Saturday, December 02, 2006
A COSMOGRAFIA DO ANÓNIMO DE RAVENNA
As sequências de enumeração de sítios indicam uma compilação realizada a partir de informação comum aos Itinerários de Antonino[2] (IA).
O Ravennate é uma compilação pouco cuidada, com numerosas omissões de cidades importantes e erros ortográficos, assim como alguns erros de ordenação geográfica, ou de duplicação.
O seu principal interesse consiste na apresentação de numerosos topónimos únicos, geralmente fiáveis por confirmação arqueológica, toponímica, numismática ou epigráfica. Muitos permanecem no entanto com localização incerta, devido a serem sítios relativamente secundários, não documentdos noutras fontes.
Na Península Ibérica, a sequência descreve primeiro um périplo costeiro no sentido dos ponteiros do relógio (pelas costas do Mediterrâneo, do Atlântico Ocidental e do Mar Cantábrico), seguido de irradiações em torno de alguns centros urbanos preponderantes. Com excepção da costa Cantábrica, a ordem segue aproximadamente troços de percursos viários identificados nos Itinerários Antoninos, porém com alguns saltos e muitos desvios devidos a vizinhanças geográficas.
O total corresponde a 25 conjuntos de enumerações de lugares que seguem percursos viários e périplos costeiros. Noutras zonas do antigo Império Romano (por exemplo a Britannia) há também enumerações de ilhas e de lugares por zonagem geográfica, ignorando eventuais vias .
O mapa seguinte apresenta a parte do périplo correspondente às costas mediterrânica e atlântica ocidental.
A tabela (sob a forma de imagem) compara as enumerações do Ravennate e dos IA, na parte correspondente ao Atlântico Ocidental, que inclui o Algarve.
A ordem da Cosmografia, entre Serpa e Braga, segue sempre vias já descritas nos IA, formando assim um novo itinerário "corográfico", isto é, que identifica as localidades segundo a ordem geográfica geral de Sul para Norte.
O ajustamento entre ambas as fontes sugere que a Cosmografia foi coligida a partir de um mapa, que continha não só nomes de lugares como também algumas vias, correspondentes às dos IA.
A semelhança entre a Cosmografia e mapa esquemático conhecido por Tabula Peutingeriana (original do séc. III-IV d.C.) é interpretada, por muitos autores, como sendo esta a fonte do Ravennate, ou um documento semelhante.
Infelizmente, a folha da Tabula relativa à Península Ibérica perdeu-se, existindo apenas uma recriação baseada precisamente no Ravennate, realizada por Conrad Miller em 1887, apresentada no mapa seguinte:
As numerosas omissões de mansiones identificadas nos IA revelam que a fonte original foi um mapa imperfeito ou de pequena escala, ou que o compilador fez um mau trabalho, pois são omitidas cidades importantes (como Scallabis, por exemplo) e, simultaneamente, são referidas mansiones que devem ter sido bastante secundárias (como Abbona, a actual Coina-a-Velha).
Não se deverá dar muita importância à variação ortográfica da toponímia entre o Ravennate e os IA, pois a taxa de erros de transcrição e abreviação na cartografia antiga é muito elevada (vejam-se os numerosos exemplos da cartografia do Sul de Portugal entre os sécs. XVI e XIX)[3]
Surgem dois novos lugares no Ravennate: a Statio Sacra e Ceno Opido, intercalados entre povoações bem localizadas e relativamente próximas, os quais devem ser interpretado como estações das respectivas vias ou sítios da sua vizinhança.
A ausência destes topónimos nos Itinerários Antoninos não é significativa. De facto, segundo Van Berchem[4] , os IA são essencialmente itinerários fiscais e administrativos, que definem os principais percursos oficiais da administração estatal romana, com destaque para a recolha da annona e o planeamento de viagens dos Imperadores. Identificam apenas mansiones, isto é centros populacionais ou viários correspondentes a comunidades de contribuintes e pontos nodais da logística administrativa (capitais, cidades e portos que são termos de itinerários).
O Ravennate, pelo contrário, é uma Corografia Universal que, embora de má qualidade e cheia de omissões, descreve todo o tipo de pontos corográficos importantes, não só povoações como montanhas, mares, ilhas e rios. A maioria dos seus lugares inéditos correspondem a pontos da orla marítima, usados para definir perímetros costeiros, mas incluem também algumas povoações intermédias entre mansiones identificadas nos IA.
Estas seriam lugares secundários, como vici, santuários, estações viárias ou outros povoamentos especializados.
A toponímia páleo-cristã, que só se começa a divulgar a partir do séc. VII, está ausente no Ravennate, com uma única excepção, que é Christopolis, referida como sendo o novo nome de Neapolis (hoje Kavála, na Grécia, prov. Macedónia).
A renomeação é apenas de finais do séc. VI ou inícios do séc. VII, após a destruição da cidade vizinha de Philippi (sede da 1ª igreja cristã na Europa fundada por Paulo c. 49-50 e importante centro cristão) por um terramoto e transferência da sua sede episcopal para Neapolis. Será assim quase contemporânea do Ravennate, datado por Schnetz entre 638 e 678 .
É, tanto quanto sei, o primeiro topónimo cristão registado nas fontes escritas.
Abundam em contrapartida os topónimos "pagãos". Indicam-se os principais e o respectivo nº de ocorrências: Afrodite (5), Apolo (14), Asclépio (1), Diana (5), Dioníso (3), Hércules (18), Hades (1), Jano (2), Isis (2), Júpiter (1), Minerva (4), Neptuno (1), Príapo (1), Saturno (2), Vénus (2).
As partes hispânicas do Ravennate e da Tabvla Peutingeriana estão publicadas em http://www.arqueotavira.com/fontes/Ravenate/
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[2] Ver http://www.romanmap.com/htm/ravcosm/rav.htm, que ilustra cartograficamente a enumeração de I. A. Richmond and O. G. S. Crawford (1949): 'The British Section of the Ravenna Cosmography', Archaeologia*, XCIII, 1-50
[3] Alguns exemplos publicados em www.arqueotavira/Mapas/index.html
[4] Denis van Berchem. la annona y el Itinerario Antonino. Anexos de El Miliario Extravagante, 4. Dez. 2002, pp. 19-26
Friday, December 01, 2006
VIAS ROMANAS DA HISPANIA
Mostra as cidades e aglomerações secundárias mais importantes, assim como as capitais (da diocese da Hispania, das províncias do Baixo-Império e dos Conventos Jurídicos do Alto-Império).
A rede viária representada corresponde aos principais eixos, sobretudo os que se pensam estar ligados a rede do cursus publicus e à cadeia da hierarquia administrativa territorial.
Não se representa a rede inter-urbana complementar nem os numerosos troços de ligação.