É um velho projecto que amadureceu na Associação Campo Arqueológico de Tavira desde, pelo menos, 2002. Como tal, foi então apresentado como uma iniciativa do CAT pela Presidente da Associação (Dra. Maria Garcia Pereira Maia).
O texto seguinte inclui o fundamental da proposta, que inclui uma edição impressa e a pré-produção de uma exposição de painéis sobre o tema.
Por estranho e anormal que possa parecer, não recebemos até hoje (cerca de 6 meses depois) nenhuma resposta da Câmara, nem sim nem não, apesar das solicitações nesse sentido! Tudo leva a crer assim que as maneiras camarárias terão atingido nesta vereação um novo patamar, no sentido de se nivelarem com os horizontes da sua política cultural relativa ao conhecimento histórico-arqueológico!
Atlas Histórico de Tavira: apresentação
Autoria
O autor é membro da Direcção da Associação Campo Arqueológico de Tavira, no âmbito da qual tem estudado desde 1999 a temática do urbanismo histórico do Algarve e de Tavira. É o editor do site
ARKEOTAVIRA.COM da referida Associação.
Já publicou, por duas vezes, obras patrocinadas pela Câmara Municipal de Tavira:
- Poster da Carta Arqueológica da Freguesia de Cachopo, em 2001.
- Livro Balsa, Cidade Perdida, em 2007.
Na realização do projecto serão utilizados resultados de estudos próprios e colaborações de outros autores, nomeadamente dos arqueólogos Maria Garcia Pereira Maia e Manuel Maia e de outros, a designar oportunamente.
Interesse e objectivos
Em Tavira tem havido, até hoje, um desfasamento entre a riqueza histórica do urbanismo regional e os estudos publicados sobre o assunto.Há muito que se faz notar a falta de um atlas histórico de Tavira e das cidades da sua região, que estabeleça a evolução local do fenómeno urbano na sua dimensão histórica.
Obras recentes sobre fases do urbanismo regional e sobre aspectos do património edificado de Tavira têm tido uma grande aceitação pública, que revela o interesse geral sobre esta temática.
O Atlas contribuirá para adicionar Tavira e Balsa ao repertório de cidades históricas incluídas em estudos nacionais e internacionais, o que não tem acontecido até à data.
O Atlas tem dois objectivos concretos:
1 - Publicar pela primeira vez a colecção integral das plantas históricas de Tavira, virtualmente desconhecidas do público.
2 - Apresentar ao público e aos investigadores uma visão sistemática e detalhada da história urbana da região, através de mapas, infografias, sínteses descritivas e anexos especializados.
Propõe-se atingir estes objectivos através dos seguintes elementos:
- Sistematização das fases do fenómeno urbano e seu enquadramento nas épocas históricas respectivas, das origens a 1913.
- Reconstituição do urbanismo das cidades e fases urbanas anteriores à existência de plantas cartográficas (das origens a 1500): povoado fenício e turdetano, ópido do Cerro do Cavaco, cidade romana de Balsa, Tavira Islâmica e Tavira Medieval portuguesa.
- Edição dos documentos cartográficos históricos de Tavira e estudo sistemático das realidades urbanas respectivas e da sua evolução diferencial, em 1550, 1800 e 1913.
- Redesenho do modelo de evolução urbanística de Tavira, de Lamas e Duarte, e respectiva actualização.
- Incorporação de um estudo original sobre a história da travessia do Gilão desde a Época romana à actualidade.
Permanece por fazer a publicação sistemática e crítica dos elementos de história urbana de Tavira espalhados pela documentação histórica a partir do séc. XIII, o qual permitiria interpretar melhor aspectos omissos e presentes na cartografia e outros de épocas anteriores ao séc. XVI.
As reconstituições têm também sempre um carácter provisório, dependente da acumulação de evidência material de índole geológica e arqueológica e da evolução dos estudos e teorias de constituição.
O Atlas corresponde, no entanto, ao estado de conhecimento mais actualizado e desenvolvido sobre o urbanismo da região, de acordo com os dados e concepções existentes à data desta proposta.
Âmbito municipal
Tavira é, infelizmente, um sítio demasiado pequeno e pouco importante para despertar o interesse de estudiosos da história do urbanismo, sobretudo em termos de continuidade histórica global. Não é por acaso que a cidade é omissa nos principais estudos de urbanismo histórico relativos ao território português.Por outro lado - apesar do âmbito da história de Tavira ultrapassar as suas fronteiras concelhias - ela é, sobretudo, um tema de interesse local. Não seria assim possível publicar uma obra deste teor sobre Tavira noutro concelho ou em uma edição comercial ou institucional de carácter geral.
Neste âmbito concelhio só a Câmara Municipal de Tavira tem condições para patrocinar esta obra, pois não existem empresas, instituições ou mecenas locais capazes ou interessados em financiar um estudo de índole histórico-científica.
Por outro lado, enquanto projecto patrocinado pela Câmara Municipal de Tavira, o Atlas Histórico de Tavira poderá tornar-se um recurso documental de grande importância na promoção da política cultural municipal, nomeadamente nos dispositivos museológicos relativos à história da cidade e na fundamentação de informação destinada a um público mais amplo, de índole didáctica, turística e cultural.
História do projecto
O Atlas Histórico de Tavira e das Cidades da Sua Região é uma obra singular, pela complexidade, duração histórica e riqueza do fenómeno urbano regional.Não poderia ser feito por um historiador generalista ou compilador, nem tampouco por um especialista de uma dada época. Os tópicos são demasiado especializados e locais e a sua maior parte ou é inédita ou nunca foi devidamente publicada e permanece inacessível à grande maioria dos investigadores.
A quase totalidade das reconstituições de fases arqueológicas provém de trabalhos originais do Campo Arqueológico de Tavira (CAT), e o estudo analítico da cartografia histórica e da morfologia urbana das fases posteriores ao séc. XV – feita pelo proponente - é igualmente inovador a nível do Algarve.
A proposta da realização do Atlas surge agora, ao fim de dez anos de investigações, por amadurecimento de uma combinação fortuita de circunstâncias, iniciada em 1998 quando o proponente aderiu ao CAT.
A ideia do projecto começou a esboçar-se em 2003 e teve a sua primeira versão em 2005, mas restringida à parte arqueológica mais antiga da História de Tavira, isto é, anterior à conquista portuguesa.
A hipótese de realização desse primeiro atlas só foi possível graças aos trabalhos arqueológicos que ocorreram em Tavira desde 1998, que permitiram desvendar a chave da origem da cidade e a sua relação com os demais núcleos de ocupação urbana, nomeadamente com o Cerro do Cavaco e o sítio de Balsa Romana.
O conhecimento de Tavira Islâmica teve também nesta fase um desenvolvimento extraordinário, em que a arqueologia se associou a estudos especializados das fontes árabes medievais.
Last but not least, a cidade e o território de Balsa foram, pela primeira vez, objecto de um estudo sistemático por parte do proponente do projecto, ao longo de vários anos, que culminou numa primeira síntese da história do urbanismo e da ocupação territorial da região na Época Romana. Esta síntese inclui o actual sítio de Tavira, que teve também um estudo independente.
As descobertas do Atlas de Pedro Teixeira e da Planta de Tavira de Leonardo de Ferrari - que o proponente teve o privilégio de integrar na historiografia urbana de Tavira - e as sequelas do estudo sobre Tavira Romana levaram a um ambicioso estudo analítico da cartografia histórica da cidade, entre os séculos XVI e XX, que inclui, além da Planta de Ferrari, as três Plantas de Sande Vasconcelos e a Planta Militar de 1913.
A incorporação destes estudos no plano original, incluindo a interpolação por reconstituição da urbe de Tavira medieval em 1400, amplia o âmbito cronológico do Atlas, que passa a integrar o período português de Tavira até meados do séc. XX.
É esse projecto mais abrangente que agora se apresenta nesta proposta, juntamente com dois estudos anexos.
Um deles consiste na merecida divulgação pública do trabalho sobre a História urbana de Tavira levado a cabo pelos arquitectos José Lamas e Carlos Duarte ("Evolução da estrutura urbana" in Plano de reabilitação e salvaguarda do centro histórico de Tavira, Câmara Municipal de Tavira, 1985, p. 40-58) que o proponente se propõe actualizar a partir de um redesenho do original, sem por isso atraiçoar o seu espírito.
O segundo estudo aborda a história dos eixos de travessia do Gilão, desde a Época Romana à actualidade, no contexto das redes viárias de cada período e na sua relação com os sistemas defensivos e o crescimento urbano de Tavira a partir do séc. XII.
Resta concluir que este projecto seria de concretização virtualmente impossível sem a cedência graciosa - ao longo destes últimos anos - de documentação cartográfica, fotográfica, arqueológica e topográfica da Câmara Municipal de Tavira ao CAT.
Plano da Obra
Prefácios
Introdução
1ª Parte. Síntese | |
Síntese da história urbana de Tavira: Épocas históricas, conjunturas políticas, lugares centrais e mudanças de localização: das origens a meados do séc. XVI. | |
2ª Parte. Metodologia | |
Modelos de corografia urbana. Organização e diferenciação dos elementos do espaço urbano. Legendas e chaves interpretativas das plantas urbanas, da Proto-História a meados do séc. XX. | |
Teoria da reconstituição urbana. Os casos de Tavira Fenícia, Balsa Romana e Tavira islâmica. | |
3ª Parte. Atlas | |
O lugar natural de Tavira | |
Tavira Fenícia e Turdetana (séc. VIII a IV AC) | |
Cerro do Cavaco (séc. III AC a I AC) | |
Balsa Romana (séc. I AC a IV) | |
Tavira Romana, Tardo-Antiga e Alto-Medieval (séc. I a XI) | |
Tavira Islâmica (séc. XII e XIII) | |
Tavira medieval portuguesa (c. 1400) | |
Tavira renascentista (c. 1550) A foz do Gilão e o porto de Tavira no séc. XVII | |
Tavira do Antigo Regime (c. 1800) | |
Tavira do Liberalismo (1913) | |
Tavira do Estado Novo (c. 1966) (opcional) | |
4ª Parte. Documentos cartográficos | |
Planta de Tavira, de Leonardo de Ferrari | |
Borrão da Planta de Tavira, de Sande Vasconcelos | |
Planta de Tavira, de Sande Vasconcelos "Carta Parietal", de Sande Vasconcelos | |
Planta Militar de 1913 | |
5ª Parte. Anexos | |
Cronologia da história de Tavira: sinopse | |
As igrejas de Tavira: sinopse (opcional) | |
O estudo de Lamas e Duarte. Uma actualização A travessia do Gilão e os eixos viários de Tavira, da Época Romana à Actualidade | |
Glossário | |
Índices: toponímico, etc. | |
Bibliografia e créditos |
Bibliografia do autor
Relativa ao Atlas Histórico de TaviraPROJECTO DE ATLAS HISTÓRICO DE TAVIRA
2003-7 http://arkeotavira.com/arqueologia/tavira/atlas/TAVIRA.pdf
MODELO DE SÍNTESE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS LUGARES CENTRAIS DA REGIÃO
2007 Balsa, Cidade Perdida, pág. 41
2008 Balsa, Cidade Perdida (Exposição). Painel nº 3
ESTUDOS DE POVOAMENTO, NAVEGAÇÃO E GEOGRAFIA RELIGIOSA DA REGIÃO
2003 Geografia urbana de Tavira antes da conquista portuguesa. Fronteiras da discussão no Campo Arqueológico de Tavira, inédito
2004 O Culto de Baal em Tavira, Huelva Arqueológica (nº 20) (em colaboração com Maria Garcia Pereira Maia)
2004-5 O Monte Figo. Santuário de Baal, Zéfiro e São Miguel. Geografia marítima e religiosa da laguna algarvia, inédito
2006 http://imprompto.blogspot.com/2006/08/monte-figo-ii-navegao-no-golfo.html
2006 O Monte Figo – Santuário, http://imprompto.blogspot.com/2006/08/monte-figo-i-o-santurio.html
Estudo do Atlas de Pedro Teixeira Albernaz, de 1634
2006 Síntese e edição digital da parte portuguesa. http://www.arkeotavira.com/Mapas/Texeira/
2009 Transcrição da memória descritiva. Parte do Algarve. http://imprompto
ESTUDOS DE RECONSTITUIÇÃO URBANA E TERRITORIAL
Fisiografia natural da bacia do Séqua-Gilão
2003 http://www.arqueotavira.com/arqueologia/tavira/atlas/TaviraFI.pdf
Tavira Fenícia e Turdetana
2003 http://www.arqueotavira.com/arqueologia/tavira/atlas/TaviraFI.pdf
2003 Tavira, Território e Poder, Câmara Municipal de Tavira, Museu Nacional de Arqueologia; p. 64
Tavira Islâmica: Fases de amuralhamento
2003 http://www.arqueotavira.com/arqueologia/tavira/atlas/TaviraII.pdf
2003 Tavira, Território e Poder, Câmara Municipal de Tavira, Museu Nacional de Arqueologia; p. 157
Cerro do Cavaco
2005 Tavira Romana: detalhe do Mapa B
2007 Balsa, Cidade Perdida, pág. 25
Balsa Romana
2004 Atlas de Balsa: http://www.arkeotavira.com/balsa/atlasb/index.html
2005-7 Balsa, cidade perdida. Versão digital: http://www.arkeotavira.com/balsa/bcp-v1/
2007 Balsa, cidade perdida, Campo Arqueológico de Tavira e Câmara Municipal de Tavira
2008 Balsa, cidade perdida. Memória da cidade romana de Balsa (Luz de Tavira). Exposição Fev-Mar 2008, Casa José Pilarte, Tavira Conteúdos: http://www.arkeotavira.com/balsa/expo-2008/
O sítio de Tavira nas épocas Romana, Tardo-Antiga e Alto-Medieval
2005 Tavira Romana. A ocupação da zona de Tavira na Época Romana. Geografia histórica do povoamento, rede viária e sacralização do território: Tavira Romana: http://www.arqueotavira.com/balsa/tavira/
ESTUDOS DE CARTOGRAFIA E MORFOLOGIA URBANA DE TAVIRA
Estudo da planta de Tavira, Leonardo di Ferrari
2008 Noticia e planta analítica: http://www.arkeotavira.com/Mapas/Ferrari/noticia-tavira-ferrari-net.pdf
2009 A morfologia urbana de Tavira Quinhentista, inédito
Estudo da obra cartográfica de José de Sande Vasconcelos (c. 1800)
"Planta da cidade de Tavira" de Sande Vasconcelos
2006 http://arkeotavira.com/Mapas/Sande/Mapa-Sande.htm
2008 http://www.arkeotavira.com/Mapas/Sande/Sande-netok.pdf
2008 http://imprompto.blogspot.com/2008/05/planta-da-cidade-de-tavira-em-finais-do.html
"Borrão do Alçado da Planta de Tavira", Sande Vasconcelos
2010 Planta analítica incompleta: http://imprompto.blogspot.com/2010/01/alcado-da-planta-de-tavira-finais-sec.html
Cidade de Tavira e seus arredores ("Carta Parietal")
2010 Estudo analítico em curso
Planta militar de 1913
2010 Planta analítica incompleta: http://imprompto.blogspot.com/2010/01/planta-de-tavira-1913.html
Estudos inéditos
O modelo de evolução urbanística de Lamas e Duarte. Uma actualização
A travessia do Gilão e os eixos viários de Tavira, da Actualidade à Época Romana
Geografia Histórica de Tavira antes de Portugal. Introdução à geopolítica do Algarve Oriental na Antiguidade, da colonização fenícia ao domínio islâmico.
Estudos inéditos
O modelo de evolução urbanística de Lamas e Duarte. Uma actualização
A travessia do Gilão e os eixos viários de Tavira, da Actualidade à Época Romana
Geografia Histórica de Tavira antes de Portugal. Introdução à geopolítica do Algarve Oriental na Antiguidade, da colonização fenícia ao domínio islâmico.
É só para lhe dizer que me inscrevo já para comprar um exemplar! Cumprimentos
ReplyDeleteRuy Ventura
Muito obrigado Ruy Ventura pelo seu interesse e apoio.
ReplyDelete