Leitura geográfica da Narratio de Itinere Navali Peregrinorum Hierosolymam Tendentium et Silviam Capientum, A.D. 1189 baseada em duas edições críticas: a de Silva Lopes & Gazzera e a de Wendell David (ver bibliografia completa no fim).
PREAMBULO
A publicação no blog Imprompto deste esboço de estudo destina-se a servir de exemplo de aplicação clássica da Geografia Histórica: elaboração de estruturas geográficas e sínteses cartográficas, baseadas na depuração, confrontação e análise da informação geográfica de fontes históricas documentais.
ITINERÁRIOS MARÍTIMOS DE CRUZADOS
Sobrevivem, pelo menos, cinco narrativas de viagens de cruzados pelas costas da península ibérica: - De Expugatione Lyxbonensi (1147)
- Narratio de Itinere Navali (1189)
- Chronica magistri Rogeri de Houedene (1190)
- Topographia et Eventus (1217)
- Itinerarium in Terram Sanctam (1270)
Com excepção da primeira – que termina em Lisboa - são todas mais ou menos relevantes para a história da navegação peninsular e da toponímia costeira do sudoeste peninsular.
Destacam-se porém duas:
- A Narratio de Itinere Navali de 1189 – assunto deste post - é uma obra incontornável das histórias do Algarve Medieval, da 3ª Cruzada e das últimas décadas do domínio almóada.Contém, em primeira mão, a única narrativa detalhada da 1ª conquista cristã de Silves e identifica alguns elementos topográficos da cidade, indispensáveis à reconstituição da sua forma urbana coeva.
É também a 1ª fonte histórica (e a mais completa) sobre o massacre e despovoamento de Alvor por um grupo de cruzados, ocorrido semanas antes do início do cerco a Silves.
Fornece ainda elementos históricos únicos sobre as relações entre portugueses e cruzados e entre os diversos grupos nacionais destes, assim como notícias relativas à organização das ordens militares e à composição numérica da frota.
Foi recentemente publicado um estudo de síntese sobre o documento e o seu contexto, que recomendo pela sua qualidade: Pereira, Armando de Sousa; "Silves no itinerário da terceira cruzada: um testemunho teutónico", Revista Militar (edição digital: 6 Julho 2010).http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=538
- A Topographia et Eventus de 1217, por seu lado, descreve a razia de Faro e indica numerosos detalhes de viagem que permitem complementar a informação náutica da Narratio de Itinere Navali.
A NARRATIO DE ITINERE NAVALI
Obra de interesse geográfico
A Narratio de Itinere Navali , para além do interesse histórico já referido, constitui uma riquíssima fonte de informação geográfica. Já Charles W. David refere o extraordinário interesse do autor da Narratio pela informação geográfica e quantitativa, e enumera os seus tópicos. (David, Narratio..., p. 602). Considera porém esse interesse, assim como a sua manifesta consistência e fiabilidade, idiossincrasias pessoais do autor e não características fundamentais do documento.Tenho de discordar, com o devido respeito. A estrutura sistemática e o grau de detalhe da obra sugerem antes um programa de recolha exaustiva de dados relativos: à navegação e à geografia; aos acessos terrestres entre a costa e Sevilha, coração estratégico do Al-Andalus; às condições político-militares; e às expectativas de recompensa económica de eventuais futuras expedições na costa meridional hispânica.
O conjunto revela a intenção de produzir um relatório de informação político-militar, para além de uma gesta de feitos e esforços gloriosos com alguma prosápia, que exclui porém a beatice milagreira - tão comum nas crónicas da época – e oculta os detalhes sórdidos da venalidade piratesca dos cruzados.
Não posso deixar de referir o extraordinário desinteresse dos editores e comentadores portugueses sobre a temática geográfica. Silva Lopes está apenas interessado na História de Portugal e essa limitação quase esgota a sua contribuição original às notas de Gazzera. As anotações com algum valor geográfico são as correcções toponímicas da edição italiana e a descrição da fortificação medieval de Silves em meados do séc. XIX (notas 10 e 24). Por outro lado, alguns topónimos surgem alterados no texto latino da edição portuguesa, o que exige a sua aferição com outras edições.
Já o caso de Cadafaz de Matos é mais grave pois glosa extensamente sobre o manuscrito, o autor e a obra, desconhecendo a edição de referência de David e repetindo erros, ignorâncias e insuficiências cabalmente esclarecidas por esse autor já em 1939. A situação é tanto mais estranha quanto David está longe de ser um historiador desconhecido em Portugal, graças à sua edição crítica da Crónica da Conquista de Lisboa, de 1936! (ver De Expugnatione Lyxbonensi na bibliografia).
O último périplo hispânico?
Do ponto de vista da Geografia Histórica, a Narratio de Itinere Navali é um exemplo notável de périplo geográfico da Península Ibérica, na tradição dos périplos Greco-Romanos e Árabes, sendo possivelmente a última instância deste tipo literário no que se refere à Hispânia.Como se sabe, os périplos são um tipo de obras de Geografia Regional. Descrevem o perímetro de uma região, a partir e ao longo da costa e segundo um determinado sentido.
Podem corresponder a crónicas de viagens reais (como a Narratio de Itinere Navali) ou à consolidação de múltiplas viagens e informações obtidas de fontes escritas anteriores.
Tomam a forma de itinerários marítimos, definidos por uma sequência de etapas portuárias separadas por percursos de navegação caracterizados pela sua distância-tempo.
Estes itinerários, para além da sua função prática de guias de navegação servem paralelamente como dispositivos de localização relativa no espaço geográfico.
Os périplos privilegiam a identificação de acidentes físicos, entidades étnico-políticas e povoações costeiras ou próximas do Mar.
Completam-se pela demarcação da região contornada e por uma enumeração mais ou menos sucinta de elementos geográficos interiores.
Incluem habitualmente a definição de vias de penetração fluviais e terrestres e a extensão dos grandes eixos que opõem pontos notáveis do perímetro da região descrita.
Podem também conter informação sobre o clima, a fertilidade agrícola, a riqueza ou ausência de recursos naturais e a enumeração dos povos residentes, podendo glosar sobre o respectivo estádio de desenvolvimento sociopolítico e económico, de acordo com os critérios e preconceitos culturais dos autores.
Os périplos associam-se assim, de um modo geral, sobretudo a fases de exploração geopolítica que precedem iniciativas de tipo imperialista, sejam: o controlo de portos estratégicos e das vias de navegação; a localização de riquezas facilmente apropriáveis; a identificação ou planificação de empórios; ou a potencial a apropriação e exploração sistemática dos territórios.
Fontes islâmicas
Há sérios indícios que o autor da Narratio de Itinere Navali se baseou em fontes muçulmanas, pessoais e literárias: pilotos ou marinheiros conhecedores das rotas, regiões e lugares de passagem e que forneceram a toponímia árabe que tenta transcrever, melhor ou pior; e elementos muito provavelmente retirados de roteiros escritos, que surgem explicitamente na referência aos itinerários terrestres de Sevilha. A Narratio...representa assim – tanto quanto sei - um caso único de articulação da experiência marítima em primeira mão de navegadores do Norte da Europa com a sistematização de informação geográfica de origem islâmica. De facto, as crónicas das expedições de 1190 e 1217 já quase nada aproveitam das fontes de informação árabes.
Aspectos inéditos
Do ponto de vista da geografia ibérica a Narratio de Itinere Navali não apresenta inovações de monta, relativamente às fontes históricas cristãs e, sobretudo, muçulmanas. Contém porém aspectos inéditos de grande importância para a história da navegação medieval e para a corografia do Algarve islâmico e romano: - Dados muito completos relativos às durações e condições atmosféricas das etapas marítimas do périplo peninsular.
- Primeira atestação de topónimos do Algarve anteriores ao domínio português, na sua maioria de raiz moçárabe ou romana.
- Organização territorial-militar da cidade de Silves na 2ª metade do séc. XII.
- Contém ainda uma informação sistemática sobre o estatuto corográfico e político das povoações e regiões enumeradas, facto invulgar nas fontes geográficas da época.
Estrutura do texto
A análise da estrutura textual e dos conteúdos da Narratio permite construir um diagrama hierárquico, significativo do ponto de vista da Geografia Humana Histórica:Itinerário percorrido pela frota e os eventos ocorridos em cada etapa. | |||||
1. Datas absolutas (do calendário católico) ou relativas a uma etapa convencional. | |||||
2. Escalas portuárias | |||||
2.1 Porto de molhagem e povoações associadas. | |||||
2.2 Duração da Estadia | |||||
2.3 Causas técnicas da estadia | |||||
2.4 Percursos terrestres | |||||
2.4.1 Destino | |||||
2.4.2 Duração. Distância. | |||||
2.4.3. Dia e hora de partida | |||||
2.4.4 Dia e hora de chegada | |||||
2.5 Descrição corográfica dos sítios visitados | |||||
2.5.1 Oviedo | |||||
2.5.2 Compostela | |||||
2.5.3 Lisboa | |||||
2.5.4 Alvor e arredores de Silves | |||||
2.5.5. Silves | |||||
2.5.6 Cádis | |||||
2.6 Eventos em terra | |||||
2.6.1 Organização da esquadra em Lisboa | |||||
2.6.2 Notícia do massacre de Alvor | |||||
2.6.3 Conquista de Silves | |||||
2.6.3.1 Crónica da conquista | |||||
2.6.3.2 Zonas e sítios conquistados com Silves | |||||
2.6.3.2.1 Castelos dependentes de Silves (pertencentes à sua kura). | |||||
2.6.3.2.2 Outras povoações (independentes de Silves, com kura própria). | |||||
2.6.4 Ataque a Cádis | |||||
2.6.5 Ataque falhado a Tarifa | |||||
3. Percursos marítimos | |||||
3.1 Dia e hora de partida do porto de origem | |||||
3.2 Condições atmosféricas durante a viagem | |||||
3.3 Dia e hora de chegada ao porto de destino | |||||
3.4 Aspecto da costa | |||||
3.5 Eventos durante a viagem | |||||
3.6 Excurso geográfico da zona de passagem | |||||
3.6.1 Mapa étnico-político | |||||
3.6.1.1 Divisão política da Península | |||||
3.6.1.1.1 Reinos | |||||
3.6.1.1.2 Capitais | |||||
3.6.1.2 Divisão étnica do Norte de África | |||||
3.6.1.2.1 Povos e regiões de África | |||||
3.6.2 Corografia das zonas de passagem | |||||
3.6.2.1 Regiões | |||||
3.6.2.2 Pontos de geografia costeira | |||||
3.6.2.3 Povoações | |||||
3.6.2.4 Itinerários terrestres e navais | |||||
3.6.2.4.1 Lisboa a Silves | |||||
3.6.2.4.2 Do Guadiana a Sevilha | |||||
3.6.2.4.3 De Sevilha ao Estreito | |||||
3.6.2.5 Outras regiões de referência | |||||
3.7 Análise geopolítica da zona de passagem | |||||
3.7.1 Comunicações e segurança entre Silves e Lisboa | |||||
3.7.2 Solidez do poder muçulmano no Algarve e demais zonas de passagem da expedição |
Desta estrutura desenvolvo aqui quatro pontos, que se afiguram de maior interesse histórico-geográfico:
A Reconstituição geográfica e cronológica da viagem. Tipologias das etapas e escalas.
B Análise da navegação. Extensão e duração das etapas. Velocidades segundo as zonas costeiras e as condições atmosféricas.
C Corografia regional das zonas de passagem. Lista de topónimos e etnónimos. Itinerários terrestres.
D História do povoamento do Algarve. Contributo da linguística histórica. Estudo dos topónimos identificados.
A.1 – CRONOLOGIA DA VIAGEM
A tabela seguinte sintetiza a cronologia detalhada da viagem, reconstituída a partir da serialização temporal dos elementos do texto original. Assinala as datas absolutas e ordinais, as condições meteorológicas em cada etapa de navegação e a identificação e eventos principais das etapas.DATA | Dia | Meteorologia | Etapa/Evento |
8 JUN | 1 | Chegada La Rochelle | |
9 JUN | 2 | Estadia em La Rochelle | |
10 JUN | 3 | Partida aurora dia seguinte | |
10-18 JUN | 3-11 | Temporal com trovoadas | Viagem com temporal e trovoadas até Gijón (visto fogo de Santelmo na posta dos mastros, com duas chamas) |
18 JUN | 11 | Chegada a Gozón-Avilés | |
19 JUN | 12 | Viagem terrestre a S. Salvador (Oviedo) a 6 léguas de distância | |
20 JUN | 13 | Regresso às naus | |
21-22 JUN | 14-15 | Estadia no porto | |
22 JUN | 15 | Partida ao crepúsculo | |
23-24 JUN | 16-17 | Vento de feição | Viagem para Tambre com vento de feição |
24 JUN | 17 | Chegada a Tambre à tarde | |
25 JUN | 18 | Viagem terrestre de 1 dia inteiro até Santiago de Compostela | |
26-30 JUN | 19-23 | Calmia ou ventos desfavoráveis | Regresso às naus e espera por ventos favoráveis |
1 JUL | 24 | Partida para Lisboa cerca do meio-dia | |
2 JUL | 25 | Avistamento do Porto cerca do meio-dia | |
1-4 JUL | 24-27 | Vento favorável | Viagem de Tambre a Lisboa com vento favorável |
4 JUL | 27 | Entrada na barra do Tejo, de madrugada | |
5-16 JUL | 28-38 | Estadia em Lisboa | |
16 JUL | 38 | Partida ao fim da tarde | |
17-19 JUL | 39-41 | Pouco vento | Viagem de Lisboa a Silves (Três dias e duas noites sucessivas, porém devagar) |
19 JUL | 41 | Avistamento de Alvor depois do meio-dia e entrada no porto de Silves | |
20 JUL | 42 | Encontro com o capitão português à tarde | |
21 JUL | 43 | Montagem de arraial junto a Silves na madrugada | |
22 JUL-6 SET | 44-90 | Eventos da conquista de Silves (rendição da cidade a 1 SET), não discriminados aqui. | |
7 SET | 91 | Levantamento do arraial e fundeação no estuário de Portimão | |
8-19 SET | 92-103 | Permanência no estuário de Portimão | |
20 SET | 104 | ? | Saída da barra de Portimão, no sentido de Levante |
22 SET | 106 | ? | Pela manhã, chegada a Alle[mir] (algures na Foz do Guadalquivir) |
23-26 SET | 107-110 | Forte vento de Sudeste (Levante) | Navegação até ao Estreito e retorno até Cádiz, empurrados por forte vento de SE e temporal. |
26 SET | 110 | Chegada a Cádiz | |
27 SET | 111 | Destruição dos arredores de Cádiz | |
28 SET | 112 | Vento desfavorável | Partida de Cádiz à noite, com ventos adversos |
29 SET | 113 | Furiosa tempestade | Chegada ao Estreito ao meio-dia. Atracagem em Tarifa. Furiosa tempestade. Partida no crepúsculo do mesmo dia |
30 SET-5 OUT | 114-118 | ? | Navegação desde o Estreito a Peñiscola ou porto mais a Norte na costa Levantina. Cinco dias e cinco noites. |
? | ? | Chegada a Montpellier | |
? | ? | Chegada a Marselha |
A.2 – ESCALAS PORTUÁRIAS
Porto de escala | # | Datas | Permanência | ||
Chegada | Partida | Dias | Causas/Tipo | ||
La Rochelle | 1 | 8 JUN | 10 JUN | 2 | Omissa. (Gerais = Descanso/Reabastecimento). |
Gozón | 2 | 18 JUN | 22 JUN | 4 | Porto de acesso a santuário de peregrinação. |
Tambre | 3 | 24 JUN | 1 JUL | 7 | Porto de acesso a santuário de peregrinação. Espera por ventos favoráveis. (...et moram in portu pro ventorum prestolatione: David, n. 75). |
Lisboa/Tejo | 4 | 4 JUL | 16 JUL | 11 | Aparelhamento. Abastecimento para o ataque a Silves (accingebamur ad obsidionem Silvie: David, n. 99) |
Silves/Arade (total) | 5 | 19 JUL | 20 SET | 63 | 5.1: Preparação do ataque a Silves. 5.2: Cerco militar. 5.3: Negociações políticas e recolha dos espólios. |
Arade | 5.1 | 19 JUL | 21 JUL | 2 | |
Silves (Arraial) | 5.2 | 21 JUL | 7 SET | 48 | |
Arade | 5.3 | 7 SET | 20 SET | 13 | |
Guadalquivir | 6 | 22 SET | 23 SET | 1 | Aportagem acidental, empurrados pelo vento. |
Cádiz | 7 | 26 SET | 28 SET | 2 | Aportagem acidental após temporal. Ataque de pilhagem e destruição. |
Tarifa | 8 | 29 SET | 30 SET | 1 | Espera para reunião da frota após temporal. (Sed quia maior pars classis adhuc contra ventos obluctabatur...: David, n. 407). Confrontos armados. |
Tortosa/Ebro | 9 | 5 OUT? | ? | ? | Omissa. (Gerais = Descanso/Reabastecimento). |
Tarragona | 10 | ? | ? | ? | ? |
Barcelona | 11 | ? | ? | ? | ? |
Narbonne | 12 | ? | ? | ? | ? |
Montpellier | 13 | ? | ? | ? | ? |
Marselha | 14 | ? | ? | ? | ? |
B – VELOCIDADE E CONDIÇÕES DE NAVEGAÇÃO
A partir dos elementos da tabela anterior é possível consolidar os elementos de navegação respeitantes a cada etapa:Etapa | # | Data (a) | Dias decimais (b) | Km (c) | Velocidade média diária | Meteorologia | ||||
Partida | Chegada | Partida | Chegada | Duração | Km | Milhas Náut. | ||||
La Rochelle-Gozón | 1 | 3 JUN aurora | 11 JUN ? (aurora) | 3.29 | 11.29 | 8.00 | 512 | 64.0 | 34.6 | Temporal com trovoadas |
Gozón-Tambre | 2 | 22 JUN circa crepusculum | 24 JUN vespera | 22.83 | 24.75 | 1.92 | 440 | 229.6 | 124.0 | Vento de feição |
Tambre-Porto (passagem ao largo) | 3 | 1 JUL circa meridiem | 2 JUL meridie | 1.50 | 2.50 | 1.00 | 200 | 200.0 | 108.0 | Vento favorável |
Tambre-Lisboa (Foz do Tejo) | 4 | 1 JUL circa meridiem | 4 JUL diluculo (meridiem a Lisboa) | 1.50 | 4.50 | 3.00 | 520 | 173.3 | 93.6 | Vento favorável |
Lisboa-Alvor | 5 | 16 JUL circa vesperam | 19 JUL post meridiem | 16.75 | 19.65 | 2.90 | 270 | 93.2 | 50.3 | Devagar (sed lente quidem, velificavimus) = Pouco vento |
Arade-Guadalquivir | 6 | 20 SET ? (meridiem) | 22 SET mane | 20.50 | 22.40 | 1.90 | 200 | 105.5 | 57.0 | ? |
Guadalquivir-Tarifa-Cádiz | 7 | 22 ou 23 SET ? | 26 SET ? | 23.00 | 26.00 | 3.00 | 220 | 73.3 | 39.6 | Forte vento de Sudeste, desfavorável |
Cádiz-Tarifa | 8 | 28 SET nocte | 29 SET meridie | 28.88 | 29.50 | 0.63 | 100 | 160.0 | 86.4 | Vento desfavorável |
Tarifa-Peníscola/Tortosa | 9 | 30 SET crepusculum | 5 OUT ?(crepusculum) | 30.83 | 35.83 | 5.00 | 865 (d) | 173.0 | 93.4 | Furiosa tempestade à partida. O percurso é omisso mas o comentário indicia vento favorável |
Tortosa-Tarragona | 10 | ?(e) | ? | 1 | ? | |||||
Tarragona-Barcelona | 11 | ? | ? | 1 | ? | |||||
Barcelona-Narbonne | 12 | ? | ? | 6 | ? | |||||
Narbonne-Montpellier | 13 | ? | ? | 2 | ? | |||||
Montpellier-Marseille | 14 | ? | ? | 3 | ? |
Notas
(a) Para calcular mais rigorosamente as durações das etapas aproveita-se a preciosa informação do original relativa às partes do dia, ou horas medievais, de partida e chegada. As partes são convertidas em fracções do dia a partir das horas decimais que representam. Quando uma parte do dia é omissa no original assume-se idêntica à outra parte explicitada. Quando ambas as partes são omissas considera-se a meia-noite (hora zero). Na conversão usei a tabela seguinte:
Quantificação das horas medievais
Parte do dia | Hora aproximada | Fracção do dia | |
aurora, diluculo | 7.00 | 0.291667 | |
mane | 9.50 | 0.395833 | |
meridiem | 12.00 | 0.5 | |
post meridiem | 15.50 | 0.645833 | |
vespera | 18.00 | 0.75 | |
crepusculum | 20.00 | 0.833333 | |
nocte | 21.00 | 0.875 |
(c) Medições da distância das rotas aproximadas, traçadas com o software
Google Earth, com um erro estimado de ± 50 km.
(d) No texto não é evidente se a etapa medida se termina por Peníscola ou na foz do Ebro. Como a primeira opção é a mais provável, foi seguida no cálculo da distância.
(e) A partir de Tortosa o texto não indica as datas nem os tempos de permanência em cada porto de escala nem as condições meteorológicas. Indica apenas as durações das etapas até Marselha.
Relação entre condições atmosféricas e velocidades médias estimadas.
Etapas ordenadas segundo a velocidade média estimada.
Excluem-se as etapas posteriores a Tortosa por omitirem sistematicamente as condições atmosféricas e as partições dos dias de chegada e partida:
La Rochelle-Gozón | 34.6 | Temporal com trovoadas |
Guadalquivir-Tarifa-Cádiz | 39.6 | Forte vento de Sudeste, desfavorável |
Lisboa-Alvor | 50.3 | Devagar (sed lente quidem, velificavimus) = Pouco vento |
Arade-Guadalquivir | 57.0 | Condições meteorológicas omissas. Pela velocidade assimila-se à anterior (Pouco vento) |
Cádiz-Tarifa | 86.4 | Vento desfavorável [!] Declaração incompatível com a velocidade. |
Tarifa-Peníscola/Tortosa | 93.4 | Furiosa tempestade à partida. O percurso é omisso mas o comentário indicia vento favorável |
Tambre-Lisboa (Foz do Tejo) | 93.6 | Vento favorável |
Tambre-Porto (passagem ao largo) | 108.0 | Vento favorável |
Gozón-Tambre | 124.0 | Vento de feição |
Informação da tabela anterior disposta em gráfico:
Da análise da tabela e gráfico pode concluir-se que velocidades entre 30 a 40 ou 45 milhas/dia são muito baixas e correspondem a situações de temporal.Velocidades acima de 85 ou 90 milhas correspondem a situações de navegação rápida e favorável.As velocidades de 40/45 a 50/55 podem ser consideradas baixas e próprias de pouco vento. Por exclusão de partes, as velocidades de 50/55 a 85/90 devem ser consideradas medianas (média da classe igual a 70 milhas náuticas por dia = 2.9 nós).
Estes elementos apresentam-se na tabela seguinte:
Condições atmosféricas | Velocidade (milhas náuticas/dia) |
Muito favoráveis | ≥ 100 |
Favoráveis | De 85/90 a 100 |
Medianas | De 50/55 a 85/90 |
Desfavoráveis (pouco vento ou vento contrário) | De 40/45 a 50/55 |
Muito desfavoráveis (temporal) | De 30/35 a 40/45 |
Síntese do quadro geral das velocidades de navegação, segundo as condições atmosféricas |
Estes valores devem ser considerados como aproximações. Uma análise mais completa das condições de navegação deveria inclui os elementos das demais crónicas, nomeadamente da De Expugnatione e da Topographia. É porém um estudo que ultrapassa o âmbito deste post.
A partir de uma leitura rápida de todas as crónicas podem, no entanto, tirar-se algumas conclusões:
- Os Cruzados alcançam a Península Ibérica no início do Verão, podendo aí permanecer até ao início do Outono. As crónicas são assim testemunhos das condições de navegação estivais em diversos quadrantes peninsulares, com a restrição importante de se limitarem a um périplo no sentido directo. Ficam assim por conhecer as condições e vicissitudes dos percursos inversos, entre o Mediterrâneo e o Atlântico Norte.
- O Golfo da Biscaia parece ser o lugar de travessia mais arriscada, sujeito a temporais frequentes, mesmo no Verão. Pela omissão de recurso a escalas de cabotagem tudo leva a crer que os Cruzados preferiam fazer uma travessia pelo largo, apesar dos riscos acrescidos.
- A costa atlântica ocidental a Norte do Tejo apresenta condições meteorológicas muito variáveis: desde as acalmias que obrigam a demoradas escalas de espera até fortes temporais, passando por condições favoráveis.
- O porto de Faro surge como destino natural para quem vindo da costa ocidental chega ao Golfo de Cádiz sem ventos.
- A foz do Guadalquivir é o porto de destino natural para quem viaja desde o Ocidente com as condições de vento dominantes do quadrante Oeste
- As tempestades estivais no acesso atlântico do Estreito de Gibraltar são temíveis e frequentes. O vento Sul tende então a empurrar as frotas de novo para a zona de Cádiz, podendo obrigar a prolongados períodos de espera em situações de tormenta.
- A navegação para Oriente no Mar de Alboran pode afastar os barcos da costa ibérica, empurrando-as para as Baleares. Nestas condições o trânsito para as costas italianas estaria muito favorecido.
C.1 – LISTA DE TOPÓNIMOS
Por ordem de enumeração no texto. Identificação com lugares obtidos em outras fontes, nomeadamente com a toponímia árabe medieval e a toponímia actual.
Nº | Topónimo no original Edição Gazzera & Lopes (G&L) Edição David. | Identificação do sítio (Topónimo) | Tipo corográfico no original | Observações | ||
Fontes árabes | Actual e (medieval) | |||||
a | c | d | e | |||
01 | Rochiel | La Rochelle | opulentissimum oppidum | Origem da travessia do Mar Cantábrico | ||
02 | Goyeum Gozeun | P | (Gozón/Gauzon) | castrum | Actualmente Luanco, Astúrias (Alemparte, glosa 11, p. 117-8). | |
03 | Habilem Abilez | Avilés | oppidum | Astúrias. | ||
04 | Brittanicum | Golfo da Biscaia | mare | "Mar da Bretanha". Golfo da Biscaia ou da Gasconha. | ||
05 | Waschoniam | Gasconha (Vascónia) | ||||
06 | Aragonensium | Aragão | regnum | Reino cristão da Península Ibérica | ||
07 | Navarrorum | Navarra | regnum | idem | ||
08 | Ispanie | Castela | regnum | idem | ||
09 | Galicie | Leão | regnum | idem | ||
10 | Portugalensium | Portugal | regnum | idem | ||
11 | Toletum Tolletum, Tholeto | TULAITULA H: 122 | Toledo | metropolis | ||
12 | Sancti Salvatoris Sanctum Salvatorem | - | (civitas) | Outro nome de Ovietum. | ||
13 | Ovietum Ovetum | Oviedo | civitas | |||
14 | Tambre | Rio Tambre | aqua | Ria de Muros e Noia. Galiza. | ||
15 | Sancti Jacobi Sancti Iacobi | XANT YĀKŪB H: 106 | Santiago de Compostela | (ad) limina | Túmulo com as relíquias. | |
16 | Portugaliam | BURTUKĀL H:151 | Porto | |||
17 | Hostium Tagi | TĀJO H: 62 | Foz do Tejo | portum Ulixibonae | ||
18 | Ulixibona Ulixibone | UXBŪNA H: 13 | Lisboa | opulenta et magna (civitas) | ||
19 | Sintrum Sintricum | XINTARA H: 102 | Sintra | castrum | ||
20 | Alvor | AL-BŪR K: 36 | Alvor | castrum quod subiacebat dominio Silviae (11) | ||
21 | Silvia | XILB H: 96 | Silves | regni metropolim (15) | Sufixado segundo as declinações latinas. | |
22 | Rue Tue | Tuy | oppidum | |||
23 | Gardeam Dardeam | ? | Povoação a conquistar em alternativa a Silves. Identificação desconhecida. | |||
24 | Widradi | Hipotético: WĀDĪ ARĀDI, WĀD'ARĀD | Rio Arade | fluvium | ||
25 | Vydeloc Wideloc | [WĀDĪ] LŪKIYA K: 36 | Ribeira de Odelouca | fluvium | ||
26 | Marorlce | Marrocos | ||||
27 | Callatriva Callatravia | KAL'AT RABĀH H: 150 | Calatrava | caput ordine Cisterciensi (mater) | Sede da ordem militar de Calatrava | |
28 | Ebora | YĀBURA H: 194; YABŪRA H: 196 | Évora | caput ordine Cisterciensi (filia) | Avis, sede da ordem militar homónima | |
29 | Sanctam Mariam de Pharum [ ] de Pharrum | XANTAMARĪYA BANŪ HARŪM K: 33 | Faro | oppidum | ||
30 | Carphanabal [] | P | Hipotético: * DARSENA HANNIBAL * TARF HANNIBAL | Sagres (Terçanabal) | castellum subiacebat dominio Silviae | Itinerarium in Terram Sanctam. p. 165: "post Cqbo sant Vincent venitur as nasum, qui dicitur Tarfanabam, deinde est civitas Silvestris...". Sobre esta passagem ver Ferreiro Alemparte: gl.26 p. 172-3. Ver também: http://imprompto.blogspot.com/search/label/Portus%20Hannibalis |
31 | Lagus [] | P | Analogia: LAKKO H: 159 | Lagos | castellum subiacebat dominio Silviae | |
32 | Porcimunt []cimunt | P | Analogia: BORTMĀN AL-KABĪR IC: p. 70 | Portimão | castellum subiacebat dominio Silviae | Ver: http://imprompto.blogspot.com/search/label/Portus%20Magnum |
33 | Munchite | MONTE XĀKIR K: 36 | Monchique | castellum subiacebat dominio Silviae | ||
34 | Montagut | P | MUNTEQŪT K: 36 | Castelo de Alferce | castellum subiacebat dominio Silviae | |
35 | Caboiere Cab[] | P | Analogia: JAZĪRA CARBONĪRA IC: 73 | Carvoeiro | castellum subiacebat dominio Silviae | |
36 | Mussiene [] | P | AL-MUZÂNA K: 36 | Messines | castellum subiacebat dominio Silviae | |
37 | Paderne | BATERNA K: 36 | Paderne | castellum subiacebat dominio Silviae | ||
38 | Alvafere Albafare | Analogia: AL-BUHAIRA in H:51, n. 5 p. 62. | Albufeira | (oppidum ?) | Distinta dos castelos dependentes de Silves. Será assim um oppidum, como as restantes povoações do Algarve identificadas. | |
39 | Alle[], Allemir Allem[ir], Allemir | AN-NAHR AL-KABĪR H: p. 15 | Rio Guadalquivir | fluvium | ||
40 | Pharum | oppidum | Ver Sanctam Mariam de Pharum (nº 29). | |||
41 | Lolé Lole | AL-ULYĀ K: 36 | Loulé | oppidum | ||
42 | Castelar Castela' | KASTALLAT DARRĀJ H: 143 | Cacela | oppidum | ||
43 | Taviram Taviram, Thaviram | TABĪRA H: 113 | Tavira | oppidum | ||
44 | Mertulam | MĀRTULA H: 165 MĪRTULA H: 183 | Mértola | oppidum | ||
45 | Serpam | SĪRBA IM: 189 | Serpa | oppidum | ||
46 | Algarbia | GARB AL-ANDALUS | Algarve | terram | ||
47 | Odianam Odiana, Odianum | WĀDĪ ĀNA H: p.231 | Guadiana | fluvium | ||
48 | Saltes | XALTĪX H: 98 | Saltés | oppidum | ||
49 | Elva | AWNABA H: 34 ŪNABA H: n.1, p.44 WALBA idem | Huelva | castrum | ||
50 | Nebula | LABLA H: 158 | Niebla | castrum fortis | ||
51 | Fealcazar | HISN AL-KASR H: n. 1, p. 73 HASN AL-KASR idem | Aznalcázar | castrum fortis | ||
52 | Siviliam | IXBĪLIYA H: 14 | Sevilha | civitas opulentissima et maxima | ||
53 | Corduba | KURTUBA H: 140 | Córdoba | (civitas ?) | ||
54 | Scheres | XARĪX H: 91 | Jerez | oppidum | ||
55 | Roda | RŪTA H: p.125 | Rota | oppidum | ||
56 | Cadiz | KĀDIS H: 132 | Cádis | oppidum, valde opulentum (49) | ||
57 | Algazinir | Ver Jezeritadra | Algeciras | oppidum | ||
58 | Jezitarif Iezitarisif, Ieziratarit', Ierizitaris | AL-JAZĪRA TARĪF H. 118 | Tarifa | oppidum | ||
59 | Strictum Mare | AZ-ZUKĀK H: p.154 BAR-AL-XAMY H: 34 | Estreito [de Gibraltar] | strictum | ||
60 | Affricam | IFRYKYĀ | África | terram | ||
61 | Phadala | FADDĀLA I: 147 | Fadala | civitas | Mohammedia | |
62 | Sancta Mariae de Chaphairum Sancte Marie de Chaphairum | ? | regione | Segundo a Narratio (David, p. 637) é a região da costa marroquina do Golfo de Cádiz, até Tanger. Não há qualquer razão para uma confusão com Sancta Mariae de Pharrum (contra David, p. 637 nota 378). Pelo contrário, deve procurar-se uma possível dedicação cristã antiga da região e, sobretudo, o corónimo árabe que se pode esconder atrás do nome bíblico de Caphairum entendido pelo autor. | ||
63 | Labu []bu | ? | WADI-SEBU ? (Alemparte, glosa 33, p. 200) | (civitas) | Tipo corográfico omitido. Assume-se idêntico ao da primeira povoação do conjunto (Phadala). | |
64 | Anaphe | ANFĀ I: 147 | Anafé | (civitas) | Casablanca | |
65 | Zale | XALLĀ I: 146 | Salé | (civitas) | ||
66 | Inzemitz | AZEMMUR | Azemmour Azamor | (civitas) | ||
67 | Methemni Methena | ? | MERHITENE ?; MASINA ? | Merhitene Oulad Slimane | (civitas) | Segundo (David, p. 637, nota 383) pode ser a Masina referida por al-Idrisi, nas margens do Wadi Sebu e já em ruínas na sua época. Corresponderá a Merhitene (de Merhitene Oulad Slimane), no dito rio, junto às ruínas da cidade romana de Banasa. |
68 | Azhila Azila | AZAYLĀ I: 250 AZILĀ IC: 16 | Arzila | (civitas) | ||
69 | Thanchia | THANGA IC: 12 | Tânger | (civitas) | ||
70 | Marocchus Marrocus | MARRAKECH I: 141 | Marraquexe | metropolis Africa | ||
71 | Ogrimera Aggumera | GHUMĀRA I: 156,251 | Gomera | terram | ||
72 | Barbaria | Barbaria | terram | Designação europeia do Magrebe | ||
73 | Meca | MEKKA | Meca | |||
74 | Albee | ? | AL-BAHR... | brachium maris | Talvez "O Mar", segundo a nota de David. | |
75 | Mucemuthe Ca[cir] Mucemuthe | KASR MASMŪDA H: p. 131 | Alcácer Seguer Ksar es Seghir | castrum | ||
76 | SEBTA | Ceuta | opulentissimam civitatem | Descreve a cidade sem a designar. | ||
77 | Jezeritadra Iezerita Hadra | AL-JAZĪRA AL-HADRĀ H. 72 | Algeciras | oppidum bonum | ||
78 | Iebelatarie | JABAL TĀRIK H: 111 | Gibraltar | castellum | ||
79 | Malagam | MĀLAKA H: 167 | Málaga | civitas | ||
80 | Almonecam | AL-MUNAKKAB H: 179 | Almuñecar | civitas | ||
81 | Almariam | AL-MARĪYA H: 175 | Almeria | civitas | ||
82 | Cartagenam Kartageniam | KARTĀJANNAT H: 139 | Cartagena | civitas | ||
83 | Alacant | LAKANT H: 161 | Alicante | civitas | ||
84 | Deniam | DĀNIYA H: 73 | Dénia | civitas | ||
85 | Valenciam | BALANSIYA H: 51 | Valência | civitas | ||
86 | Buirianam Burrianam | BURĪYĀNA H: 44 | Burriana | civitas | ||
87 | Orpensam | Oropesa | civitas | |||
88 | Penisculam Pinnisculam | BANIXCULA H: 54 | Peñiscola | civitas | ||
89 | Betaieniam | ? | BAJJĀNA H: 37 | Pechina | civitas | Segundo (Alemparte, gl. 35, p. 208-10) trata-se de uma glosa marginal incorporada no texto copiado. As demais identificações são mais problemáticas. Ver (David, p. 641, nota 436). Nesta interpretação, o original "Iuxta Betaieniam est Murcia." referir-se-ia à contiguidade entre as províncias de Múrcia e de Pechina e não às povoações. |
90 | Murcia | MURSIYA H: 174 | Múrcia | civitas | ||
91 | Lebrus | WĀDĪ IBRO H: p. 245 | Ebro | fluvius | ||
92 | Caduba Caduba ou Cordoba | ? | Córdoba (ver nº 53). | Segundo (Alemparte, glosa 35, p. 211) dele ler-se Corduba, sendo também de uma glosa marginal incorporada no texto copiado. Segundo (David, p. 641, nota 429), citando (Kurth, p. 207, nota 6) deve ler-se Caduba, identificada com a ilha de Buda no delta do Ebro. | ||
Buda | ||||||
93 | Turtosa Turtusa, Turtasa | TURTŪXA H: 115 | Tortosa | civitas | ||
94 | Catalonia | - | Catalunha | terra | ||
95 | Taraconia Terraconia | TARRAKŪNA H: 116 | Tarragona | civitas nunc parva sedes archiepiscopalis | ||
96 | Barcelona | BARXILŪNA H: 42 | Barcelona | caput comitatus Artalonensis | ||
97 | Catalonensis Artalonensis | Condado de Barcelona | comitatus | |||
98 | Narbona | NARBŪNA H: 5 | Narbonne | (civitas) | ||
99 | Monspessulanus | Montpellier | (civitas) | |||
100 | Massilia | Marselha | (civitas) |
(a)
Expressões entre [] significam partes ilegíveis do manuscrito assinaladas por David, em 1939. Este autor segue então a leitura de Gazzera.
(c)P Localização exacta desconhecida ou contestada.
? Identificação desconhecida e hipotética.
(d)
Os topónimos em itálico precedidos de * são formas não atestadas localmente nas fontes árabes, sendo obtidas por analogia de outros locais ou por reconstrução linguística hipotética. As formas analógicas acompanham-se da bibliografia de onde foi extraído o topónimo original, seguido da forma actual e região onde se situa.
Fontes bibliográfica dos topónimos árabes (ver bibliografia completa no fim):
H: Al-Himiyari. Nº de verbete. Na transliteração usa-se J em vez em Ğ e X em vez de Š.
I: Idrisi. Nº de página da edição de Henri Bresc & Annliese Nef. Transliteração de Abdallah Khawli.
IC: Idrisi: Nº de página da tradução na edição de José Antonio Conde. Transliteração corrigida por Abdallah Khawli.
IM: Idrisi: Nº de verbete em Jassim Abid Mizal: Los Caminos de al-Andalus en el siglo XII, CSIC, Madrid 1989
K: Abdallah Khawli. Nº de página de "Quelques réflexions...". Na transliteração deste autor usa-se K em vez de Q.
(e)tipo Topónimo com tipo explícito.
(nº) Página em que ocorre a designação do tipo, quando o topónimo surge em várias páginas.
(tipo) Tipo implícito em topónimos pertencentes a um grupo. O tipo designa o grupo, ou é apenas explicitado no primeiro dos topónimos, ou é explícito em topónimos anteriores do grupo.
(tipo ?) Tipo omisso mas implícito como idêntico ao de um topónimo similar cujo tipo é explícito.
- Tipo omisso.
C.2 – ETNÓNIMOS
No original | Nome árabe | Nome actual | Região | Nota David | Observações |
Sarracenos Sarraceni | Sarracenos | p. 614 e 621 | Designação europeia. | ||
Andeluci | AL-ANDALUSYIN | Andaluzes | Em Espanha | 164 | |
Mucimiti, Maximiti | MAXMŪDAH | Masmuda | Em África | 165 | Tribo berbere iniciadora do movimento Almóada. |
Moedini | AL-MUWAHHIDŪN | Almóadas | Em África | 165 | |
Moravidi | AL-MURĀBITŪN | Almorávidas | Em Marrocos | 167 |
C.3 ITINERÁRIOS
C.3.1 ITINERÁRIOS DE PEREGRINAÇÃO
Itinerários terrestres de peregrinação, percorridos pelos Cruzados.
Itinerário | Distância | Nota David | Obesrvações |
De Gozón a Oviedo | 6 Léguas | 58 | Na realidade c. 30 km (Avilés a Oviedo): légua de 5km. |
De Noia (Tambre) a Compostela | Jornada longa (longam dietam) | 74 | c. 30 km |
C.3.2 – ITINERÁRIOS DE SEVILHA E DO ESTREITO
O texto identifica quatro itinerários de ligação a Sevilha, três dos quais desde a costa (p. 635-7 edição David), o que parece revelar o interesse invulgar dos cruzados pela que era então a capital peninsular do Império Almóada e potencial alvo estratégico de primeira grandeza. Descreve também um itinerário naval entre o Guadalquivir e o Estreito, em condições de navegação seguramente melhores do que as que os Cruzados experimentaram. Itinerário | Tipo | Duração | Etapas | Observações |
De Silves ao Guadiana | (Apagada no texto) | David: n. 357 | ||
Do Guadiana a Sevilha | Terrestre | Dois dias | Guadiana | |
Huelva | Por Gibraleón | |||
Niebla | ||||
Aznalcázar | ||||
Sevilha | ||||
De Sevilha ao Mar | Terrestre ou fluvial | Dois dias | David: n 354 | |
De Sevilha a Córdoba | Terrestre ou fluvial | Três dias | David: p. 635 | |
De Sevilha ao Estreito | Terrestre | - | Sevilha | David: n. 369 |
Jerez | ||||
Rota | Travessia marítima para Cádiz | |||
Cádiz | ||||
Algeciras | ||||
Da Foz do Guadalquivir ao Estreito | Naval | Dia e meio | Allemir | David: n. 373 |
Tarifa |
C.3.3 – ITINERÁRIO TERRESTRE DE LISBOA A SILVES
"...a Silvia usque Ulixibonam septem diete sunt" (David: n. 345)."...7 dias de marcha, dentro dos quais não havia um só lugar seguro nem para cristãos nem para infiéis, por causa da passagem contínua de uns e outros." (Tradução de Silva Lopes em L& G: 42).
D – TOPÓNIMOS DO ALGARVE
Esta tabela será tema de um estudo próprio. Apresento-a aqui apenas com duas notas, sem discussão nem bibliografia.Com fundo rosa indicam-se os topónimos atestados pela 1ª vez ou exclusivamente na Narratio de Itinere Navali.
Narratio de Itinere Navali | Fontes Árabes ou Reconstituição | Identificação geográfica (a) | Localização precisa do castelo (b) | Nome Actual | Etimologia | Raiz Latina e Pré-Latina |
Albafare | analogia AL-BUHAIRA | S | R | Albufeira | Árabe | - |
Algarbia | GARB AL-ANDALUS | S | Algarve | Árabe | - | |
Alvor | AL-BŪR | S | R | Alvor | Árabe | Mudança de nome IPSES, *IPSIS |
Caboiere | analogia [JAZĪRA] CARBONĪRA | S | A | Carvoeiro | Moçárabe/Latim | CARBONARIU- |
Carphanabal i.e.Tarphanabal | * DĀRSENA HANNIBAL * TARF HANNIBAL | S | A | Sagres (Terçanabal) | Árabe | - |
Castela' | KASTALLAT DARRĀJ | S | R | Cacela | Moçárabe/Latim | CASTELLU- |
Lagus | analogia LAKKO | S | A | Lagos | Moçárabe/Latim | ? LAC[C]OBRIGA |
Lole | AL-ULYĀ | S | R | Loulé | Moçárabe/Latim | OLEA- |
Mertulam | MĀRTULA, MĪRTULA | S | R | Mértola | Moçárabe/Latim | MYRTILIS, MURTILIS |
Montagut | MUNTEQŪT | P | S | Castelo de Alferce | Moçárabe/Latim | MONTE ACUTE |
Munchite | MONTE XĀKIR | S | A | Monchique | Moçárabe/Latim | MONTE SACRUM/SACER |
Mussiene | AL-MUZÂNA | S | A | Messines | Moçárabe/Latim | VILLA MESSINA (De Messinu-) |
Odiana | WĀDĪ ĀNA | S | Guadiana | Híbrido Árabe+Latim | ANA[S] | |
Paderne | BATERNA | S | R | Paderne | Moçárabe/Latim | VILA PATERNA (De Paternu-) |
Porcimunt i.e. Portimunt | analogia BORTMĀN [AL-KABĪR] | D | A | Portimão | Moçárabe/Latim | PORTUS MAGNUS |
Sanctam Mariam de Pharrum | XANTAMARĪYA BANŪ HARŪM | S | R | Faro | Híbrido Moçárabe+Árabe | Mudança de nome OSSONOBA> UKXUNŪBA |
Serpam | SĪRBA | S | R | Serpa | Moçárabe/Latim | SIRPENS |
Silvia | XILB | S | R | Silves | Moçárabe/Latim | CILPES, *CILPIS |
Taviram | TABĪRA | S | R | Tavira | Árabe | - |
Wideloc | [WĀDĪ] LŪKIYA | S | Ribeira de Odelouca | Híbrido Árabe+Moçárabe ? | ? LUCI (LUCUS) ? LUCA (SANCTI LUCA) ? LUCINA (SANCTA LUCI[N]A) | |
Widradi | * WĀDĪ ARĀDI, WĀD'ARĀD | S | Rio Arade | Híbrido Árabe+Moçárabe ? | ? ARATE |
(b) R: Localização rigorosa; A: Localização com alternativas possíveis.
Sobre Montagut
Considerando o rigor da fonte na enumeração ordenada dos castelos de Silves, segundo a longitude de Poente para Ocidente, Montagut localiza-se entre Monchique e Carvoeiro. O único castelo islâmico conhecido nesta zona, estabelecido em um "monte agudo" é o de Alferce. Castelo Belinho seria a alternativa, mas a sua localização parece não justificar a designação Montagut. Permanece porém por explicar a dualidade de topónimos (Alferce e Montagut) e o desaparecimento deste último. De facto, em todos os outros castelos identificados, a designação na Narratio corresponde sempre ao topónimo da povoação, que persistiu.
Silva Lopes contradiz-se: por um lado afirma: "vê-se que eles são mencionados na direcção de Oeste para Este; e por isso também nessa direcção procuraremos descobri-los" (LOPES & GAZZERA, n. 24, p. 99) mas depois (p. 105) propõe uma identificação com o sítio de Montagudo na Freguesia de Santo Estevão, concelho de Tavira, que, além de não cumprir a regra da enumeração, se situa numa localização geográfica absolutamente irrealista e extemporânea relativamente ao território de Silves, saltando por cima dos territórios de Loulé e Faro!
Luis Filipe Oliveira (Oliveira, Luis; "Uma fortificação islâmica no termo de Silves: o Castelo Belinho" in Arqueologia Medieval (6), Campo Arqueológico de Mértola, Mértola, 1999, 39-46: n. 22 p. 45) aceita a possibilidade da localização em Alferce. Agradeço ao autor a informação sobre esta referência bibliográfica.
Sobre Albafere
É um topónimo desconhecido antes de 1189, omitido em todas as fontes árabes anteriores à conquista portuguesa.
Surge na Narratio como povoação individualizada relativamente aos castelos dependentes de Silves:
- Não faz parte da lista desses castelos dependentes.
- É digna de sofrer uma confiscação de bens após a sua rendição aos portugueses (Albafere...cujus opes in Silviam transtulit.), o que significa a existência de uma certa abastança económica.
- Os habitantes têm autonomia para se renderem [e, portanto, teoricamente, para terem resistido] contrariamente aos referidos castelos, que surgem apenas como sedes de guarnições, sem autonomia relativamente à cidade.
Albufeira surge assim em 1189 com as características de uma pequena medina fortificada, mais importante do que um mero hisn de aldeia, de modo semelhante a Loulé e Tavira e, talvez, Cacela.
A situação geográfica do seu território nesta época – nomeadamente a sua separação do castelo (e território) de Paderne – revela-se como um pequeno enclave no limite do território de Silves, muito menor do que o futuro termo de Albufeira.
Tudo aponta assim para um desenvolvimento tardio da povoação, mais pequena e menos importante do que Tavira, pois é ignorada no Kitab Rujar (que reflecte o panorama corográfico em c . 1100) , sem merecer sequer um epíteto de qaria, como esta última povoação.
Muito possivelmente pertenceria originariamente a Silves, como castelo ou apenas como torre.
A expansão posterior do termo de Albufeira, com a inclusão de Paderne, deve interpretar-se como a combinação do aumento de importância de Albufeira com o declínio simultâneo de Silves, que se acelerou com a conquista de 1189 e, sobretudo, com os raides cruzados posteriores à reconquista almóada (nomeadamente o de 1217).
Uma situação semelhante poderá ter ocorrido com Aljezur e Marachique (omitidos na Narratio, sem dúvida pelo seu afastamento geográfico), que se terão autonomizado de Silves. Aljezur é também desconhecida nas fontes árabes anteriores à conquista portuguesa. Juntamente com Loulé, Tavira e – presumivelmente – Albufeira, será um sítio que só ganha destaque populacional e autonomia urbana e militar a partir da conquista portuguesa do vale do Tejo.
CARTOGRAFIA
Plano cartográfico do estudo e respectivos modelos de tipologia geográfica. Apresentação sem observações.NOTA: Os mapas apresentados são versões preliminares de baixa resolução.
1. MAPA GERAL DA PENÍNSULA E NORTE DE ÁFRICA EM 1185-1200.
Base geográfica física e política. Corografia e Etnografia. (Tópicos das tabelas C.1 e C.2).Modelo corográfico
- Base geográfica
- Costa (Terra e Mar)
- Rios designados
- Geografia política
- Território e fronteiras estatais
- Fronteiras políticas entre o al-Andalus e os reinos cristãos
- Em 1185
- Em 1200
- Ofensivas de conquista territorial entre reinos cristãos
- Corografia
- Toponímia
- No texto
- Árabe
- Actual
- Tipologia geográfica
- Zona marítima designada
- Porto. Lugar de escala (foz, estuário, baia ou laguna, fundeadouro ao largo)
- Rio
- Povoação (categorias do original latino)
- Metropolis vel Civitas opulentissima vel Caput comitatus Metrópole, capital ou cidades ilustre
- Sedes archiepiscopalis Sede de Arcebispado
- Ad limina Santuário de peregrinação
- Civitas, Oppidum Cidade e povoações equiparáveis de tipo omisso
- Castrum, Castellum Fortaleza, Castelo
- Caput Ordine Sede de ordem Ordem Militar
- Castellum subiacebat dominio Silviae Castelo dependente de Silves
- Região
- Geral (parte geográfica)
- Particular (região geográfica, província administrativa ou histórica)
- Povo/Etnia/Grupo religioso
- Estado soberano
2. MAPA DA EXPEDIÇÃO.
Geografia e historial da expedição. (Tópicos das tabelas A, B, C.3 e coluna (b) de C.1).Modelo corográfico
- Base geográfica da Península generalizada
- Costa
- Rios identificados no texto
- Quadrantes geográficos diferenciados:
- Golfo da Biscaia/Gasconha
- Costa Galega
- Costa Ocidental a Norte do Tejo
- Costa Ocidental a Sul do Tejo
- Golfo de Cádiz
- Estreito
- Mares de Alborán e Balear-Sul ("Mar Ibérico")
- Costa Brava e Golfo de Lião
- Etapas
- Rota estimada
- Duração da viagem
- Condições atmosféricas
- Favoráveis
- Adequadas
- Acalmia
- Desfavoráveis
- Temporal
- Escalas
- Identificação
- Data de partida e chegada aos portos de escala
- Duração da permanência
- Povoações (contexto da referência no texto)
- Portos de escala.
- Eventos
- Sítio inimigo atacado
- Sítio inimigo, lugar de confrontos
- Sítio portuário de acesso a santuário de peregrinação
- Função naval
- Espera para reunião da frota
- Aparelhamento da frota
- Espera por ventos favoráveis
- Não especificada
- Santuários de peregrinação
- Sítios de vizinhança de porto de escala
- Sítio de passagem ao largo ou nas regiões interiores da costa
- Referências geográficas regionais
- Percursos terrestres de peregrinação
- Traçado
- Distância
3. MAPA DOS ITINERÁRIOS DE SEVILHA E DO ESTREITO.
Tópicos da tabela C.4. Detalhe geográfico da zona abrangida. Ampliação de escala da zona correspondente do Mapa 1.Modelo corográfico
- Base geográfica costeira
- Itinerários
- Escala
- Topónimo
- Tipo
- Término
- Estação
- Etapa
- Traçado
- Distância
- Tipo de transporte
- Terrestre
- Marítimo
4. MAPA DO ALGARVE. POVOAÇÕES ASSINALADAS E TERRITÓRIO DE SILVES.
Tópicos da tabela D sobre base corográfica da actualidade. Ampliação de escala da zona correspondente do Mapa 1.Modelo corográfico
- Base geográfica
- Povoações
- Topónimo
- Tipo
- Castelos dependentes de Silves
- Autonomias
- Hidrografia
- Topónimo
- Traçado
- Território controlado por Silves em 1190.
- Limite e zona
- Ordem longitudinal da enumeração dos castelos
BIBLIOGRAFIA
Edições da Narratio de Itinere Navali (1189)
Lopes & Gazzera.Lopes, João Baptista da Silva: Edição bilingue portuguesa. Tradução do italiano, apresentação e notas.
Gazzera, Costanzo: Transcrição latina do manuscrito, tradução italiana e notas. (Publicado originalmente em: Reale Accademia delle Scienze de Torino, Memorie, Scienze Morali, Storiche et Filologiche (2.ª serie, II, 1840): pp. 177-207).
De itinere navali, de eventibus de que rebus a peregrinis hierosolymam petentibus MCLXXXIX fortiter gestis narratio. Relação da derrota naval, façanhas e sucessos dos cruzados que partirão do Escalda para a Terra Santa no ano de MCLXXXIX, Academia das Ciências, Lisboa, 1844
David, Charles Wendell
"Narratio de Itinere Navali Peregrinorum Hierosolymam Tendentium et Silviam Capientum, A.D. 1189. Edited from the unique manuscript in the Library of the Turin Academy of Sciences."
Transcrição latina do manuscrito, tradução inglesa e notas.
in Proceedings of the American Philosophical Society (vol. 81, no.5, December, 1939): pp. 591-676.
O estudo de David está disponível na net em forma não copiável aqui. Para poupar aos leitores essas limitações ofereço-lhes uma versão em PDF, sem restrições aqui. Bom proveito!
Lopes & Gazzera & Matos
Fac-simile de Lopes & Gazzera
Estudo de Matos, Manuel Cadafaz
A cidade de Silves num Itinerário naval do século XII por um cruzado anónimo. Távola Redonda & C.E.H.L.E.-III & Câmara Municipal de Silves, Lisboa, 1999
Estudos sobre a Narratio de Itinere Navali
Ferreiro Alemparte, Jaime: ver abaixo.Pereira, Armando de Sousa
"Silves no itinerário da terceira cruzada: um testemunho teutónico" in Revista Militar (edição digital: 6 Julho 2010).
Versão digital: aqui
Edições de outras crónicas de cruzados
David, Charles W. (Ed., Trad.)De Expugnatione Lyxbonensi – The Conquest of Lisbon. Edited from the unique manuscript in Corpus Christi College, with a translation into English.
Transcrição latina do manuscrito, tradução inglesa e notas.
Columbia University Press, New York, 1936 (Ed. 2000: Phillips, Jonathan: Forward and Bibliography).
Ferreiro Alemparte, Jaime (Ed., Trad.)
"Topographia et Eventus del derrotero frisón a Tierra Santa en 1217 bordeando la Península Ibérica, segundo el relato anónimo contenido en la Crónica de Emón, abad del monasterio premonstratense de Floridus Hortus (Holanda)"
in Arribadas de Normandos y Cruzados a las Costas de la Península Ibérica, pp. 73-232, Sociedad Española de Estudios Medievales, Madrid, 1999.
O estudo indispensável de Ferreiro é de acesso difícil. Como solução temporária tomo a liberdade de apresentar uma versão digital: aqui.
Storm, Gustav (Ed.)
"Itinerarium in Terram Sanctam", de Fratre Mauritio (1270)
in Monumenta Historica Norvegiae. Latinske Kildeskrifter til Norges Historie I Middelalderen
Kristiania, 1880; Cap. VII.
pp. 165-7 (descrição de lugares da Península Ibérica)
Versão digital preparada para este post: aqui.
Stubbs, William (Ed.)
Chronica magistri Rogeri de Houedene (1190)
3 vols., Longmans, Green and Co., London 1868-71.
Vol 3 (1870): pp. 42-50 (descrição de lugares da Península Ibérica):
Versão digital das páginas respectivas do 3º volume, preparada para este post: aqui.
Fontes árabes medievais. Edições críticas e estudos derivados
Al-Idrisi: Kitab RujarConde, José Antonio: Descripcion de España, de Xerif Aledris, Madrid, 1799 (fac-simile: Ed. Extramuros, Mairena de Aljarafe, 2009).
Versão digital: aqui.
Dozy, R. & Goeje, M. J. de (Trad., notas, gloss.): Description de l'Afrique et de l'Espagne.
Texte arabe publié par la première fois d'après les mans. de Paris et d'Oxford, Brill, Leiden/Leyde, 1866.
Versão digital: aqui.
Bresc, Henry & Nef, Annliese (Ed., corr. trad. e notas); Jaubert, Chevalier (Trad.): Idrîsî. La première Géographie de l'Occident, Flammarion, Paris, 1999).
Al-Hymiari
Lévi-Provençal, E.:
La Péninsule Ibérique au moyen-age d'après le kitāb ar-rawd al-mi'tār fī habar al-aktār d'Ibn 'Abad Al-Mun'im de Al-Himyarī, Brill, Leiden, 1938 (fac-simile: Islamic Geography, vol. 150, Institute for the History of Arabic-Islamic Science, J.W. Goethe University, Frankfurt 1993).
Khawli, Abdallah
"Quelques réflexions sur l'histoire de l'Algarve pendant les premiers siècles de l'islamization (VIII-IXème siècle)" in XARAJÎB (2), Centro de Estudos Luso-Árabes, Silves, 2002; pp. 21:40.
Cartografia
Base geográficaFraga da Silva, L.: Mapa vectorial da Península Ibérica, Campo Arqueológico de Tavira, 2003.
IGEO, Carta de Portugal à escala 1:500 000,(http://www.igeo.pt/e-IGEO/DOWNLOADS/500_mil/500k_10_11.zip) , Out. 2010
Geografia política
Árias, Gonzalo: Atlas Histórico de la Península Ibérica. Desde Tartessos hasta la muerte de Alfonso VIII (1214), vol. 1, Ed. autor, 2000; mapa 53: "(1185-1200). Alarcos. Guerras de Alfonso VIII".
Carvalho, A. R.; Faria, J. C.; Ferreira, M.A.: Alcácer do Sal Islâmica. Arqueologia e História de uma Medina do Garb Al-Andalus (Séculos VIII-XIII): mapas p. 68-9.
Rotas navais.
Google Earth. Implantação e medição georreferenciada.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
No comments:
Post a Comment