It takes a great deal of History to produce a little History

Friday, November 05, 2010

NARRATIO DE ITINERE NAVALI

Itinerário na Península Ibérica dos cruzados que participaram na 1ª conquista de Silves

Leitura geográfica da Narratio de Itinere Navali Peregrinorum Hierosolymam Tendentium et Silviam Capientum, A.D. 1189 baseada em duas edições críticas: a de Silva Lopes & Gazzera e a de Wendell David (ver bibliografia completa no fim).




PREAMBULO

A publicação no blog Imprompto deste esboço de estudo destina-se a servir de exemplo de aplicação clássica da Geografia Histórica: elaboração de estruturas geográficas e sínteses cartográficas, baseadas na depuração, confrontação e análise da informação geográfica de fontes históricas documentais.


ITINERÁRIOS MARÍTIMOS DE CRUZADOS

Sobrevivem, pelo menos, cinco narrativas de viagens de cruzados pelas costas da península ibérica:
  • De Expugatione Lyxbonensi (1147)
  • Narratio de Itinere Navali (1189)
  • Chronica magistri Rogeri de Houedene (1190)
  • Topographia et Eventus (1217)
  • Itinerarium in Terram Sanctam (1270)
(Ver bibliografia e links no fim)
Com excepção da primeira – que termina em Lisboa - são todas mais ou menos relevantes para a história da navegação peninsular e da toponímia costeira do sudoeste peninsular.
Destacam-se porém duas:
  • A Narratio de Itinere Navali de 1189 – assunto deste post - é uma obra incontornável das histórias do Algarve Medieval, da 3ª Cruzada e das últimas décadas do domínio almóada.
    Contém, em primeira mão, a única narrativa detalhada da 1ª conquista cristã de Silves e identifica alguns elementos topográficos da cidade, indispensáveis à reconstituição da sua forma urbana coeva.
    É também a 1ª fonte histórica (e a mais completa) sobre o massacre e despovoamento de Alvor por um grupo de cruzados, ocorrido semanas antes do início do cerco a Silves.

    Fornece ainda elementos históricos únicos sobre as relações entre portugueses e cruzados e entre os diversos grupos nacionais destes, assim como notícias relativas à organização das ordens militares e à composição numérica da frota.
      
    Foi recentemente publicado um estudo de síntese sobre o documento e o seu contexto, que recomendo pela sua qualidade: Pereira, Armando de Sousa; "Silves no itinerário da terceira cruzada: um testemunho teutónico", Revista Militar (edição digital: 6 Julho 2010).http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=538
  • A Topographia et Eventus de 1217, por seu lado, descreve a razia de Faro e indica numerosos detalhes de viagem que permitem complementar a informação náutica da Narratio de Itinere Navali


A NARRATIO DE ITINERE NAVALI

Obra de interesse geográfico

A Narratio de Itinere Navali , para além do interesse histórico já referido, constitui uma riquíssima fonte de informação geográfica. Já Charles W. David refere o extraordinário interesse do autor da Narratio pela informação geográfica e quantitativa, e enumera os seus tópicos. (David, Narratio..., p. 602). Considera porém esse interesse, assim como a sua manifesta consistência e fiabilidade, idiossincrasias pessoais do autor e não características fundamentais do documento.
Tenho de discordar, com o devido respeito. A estrutura sistemática e o grau de detalhe da obra sugerem antes um programa de recolha exaustiva de dados relativos: à navegação e à geografia; aos acessos terrestres entre a costa e Sevilha, coração estratégico do Al-Andalus; às condições político-militares; e às expectativas de recompensa económica de eventuais futuras expedições na costa meridional hispânica.
O conjunto revela a intenção de produzir um relatório de informação político-militar, para além de uma gesta de feitos e esforços gloriosos com alguma prosápia, que exclui porém a beatice milagreira - tão comum nas crónicas da época – e oculta os detalhes sórdidos da venalidade piratesca dos cruzados.


Não posso deixar de referir o extraordinário desinteresse dos editores e comentadores portugueses sobre a temática geográfica. Silva Lopes está apenas interessado na História de Portugal e essa limitação quase esgota a sua contribuição original às notas de Gazzera. As anotações com algum valor geográfico são as correcções toponímicas da edição italiana e a descrição da fortificação medieval de Silves em meados do séc. XIX (notas 10 e 24). Por outro lado, alguns topónimos surgem alterados no texto latino da edição portuguesa, o que exige a sua aferição com outras edições.
Já o caso de Cadafaz de Matos é mais grave pois glosa extensamente sobre o manuscrito, o autor e a obra, desconhecendo a edição de referência de David e repetindo erros, ignorâncias e insuficiências cabalmente esclarecidas por esse autor já em 1939. A situação é tanto mais estranha quanto David está longe de ser um historiador desconhecido em Portugal, graças à sua edição crítica da Crónica da Conquista de Lisboa, de 1936! (ver
De Expugnatione Lyxbonensi na bibliografia). 


O último périplo hispânico?

Do ponto de vista da Geografia Histórica, a Narratio de Itinere Navali é um exemplo notável de périplo geográfico da Península Ibérica, na tradição dos périplos Greco-Romanos e Árabes, sendo possivelmente a última instância deste tipo literário no que se refere à Hispânia.
Como se sabe, os périplos são um tipo de obras de Geografia Regional. Descrevem o perímetro de uma região, a partir e ao longo da costa e segundo um determinado sentido. 

Podem corresponder a crónicas de viagens reais (como a Narratio de Itinere Navali) ou à consolidação de múltiplas viagens e informações obtidas de fontes escritas anteriores.
Tomam a forma de itinerários marítimos, definidos por uma sequência de etapas portuárias separadas por percursos de navegação caracterizados pela sua distância-tempo. 

Estes itinerários, para além da sua função prática de guias de navegação servem paralelamente como dispositivos de localização relativa no espaço geográfico.
Os périplos privilegiam a identificação de acidentes físicos, entidades étnico-políticas e povoações costeiras ou próximas do Mar.
Completam-se pela demarcação da região contornada e por uma enumeração mais ou menos sucinta de elementos geográficos interiores.
Incluem habitualmente a definição de vias de penetração fluviais e terrestres e a extensão dos grandes eixos que opõem pontos notáveis do perímetro da região descrita.
Podem também conter informação sobre o clima, a fertilidade agrícola, a riqueza ou ausência de recursos naturais e a enumeração dos povos residentes, podendo glosar sobre o respectivo estádio de desenvolvimento sociopolítico e económico, de acordo com os critérios e preconceitos culturais dos autores.
Os périplos associam-se assim, de um modo geral, sobretudo a fases de exploração geopolítica que precedem iniciativas de tipo imperialista, sejam: o controlo de portos estratégicos e das vias de navegação; a localização de riquezas facilmente apropriáveis; a identificação ou planificação de empórios; ou a potencial a apropriação e exploração sistemática dos territórios.


Fontes islâmicas

Há sérios indícios que o autor da Narratio de Itinere Navali se baseou em fontes muçulmanas, pessoais e literárias: pilotos ou marinheiros conhecedores das rotas, regiões e lugares de passagem e que forneceram a toponímia árabe que tenta transcrever, melhor ou pior; e elementos muito provavelmente retirados de roteiros escritos, que surgem explicitamente na referência aos itinerários terrestres de Sevilha.
A Narratio...representa assim – tanto quanto sei - um caso único de articulação da experiência marítima em primeira mão de navegadores do Norte da Europa com a sistematização de informação geográfica de origem islâmica. De facto, as crónicas das expedições de 1190 e 1217 já quase nada aproveitam das fontes de informação árabes.


Aspectos inéditos

Do ponto de vista da geografia ibérica a Narratio de Itinere Navali não apresenta inovações de monta, relativamente às fontes históricas cristãs e, sobretudo, muçulmanas. Contém porém aspectos inéditos de grande importância para a história da navegação medieval e para a corografia do Algarve islâmico e romano:
  • Dados muito completos relativos às durações e condições atmosféricas das etapas marítimas do périplo peninsular.
  • Primeira atestação de topónimos do Algarve anteriores ao domínio português, na sua maioria de raiz moçárabe ou romana.
  • Organização territorial-militar da cidade de Silves na 2ª metade do séc. XII.
  • Contém ainda uma informação sistemática sobre o estatuto corográfico e político das povoações e regiões enumeradas, facto invulgar nas fontes geográficas da época.

Estrutura do texto

A análise da estrutura textual e dos conteúdos da Narratio permite construir um diagrama hierárquico, significativo do ponto de vista da Geografia Humana Histórica:

Itinerário percorrido pela frota e os eventos ocorridos em cada etapa. 
1. Datas absolutas (do calendário católico) ou relativas a uma etapa convencional.
2. Escalas portuárias
2.1 Porto de molhagem e povoações associadas.
2.2 Duração da Estadia
2.3 Causas técnicas da estadia
2.4 Percursos terrestres
2.4.1 Destino
2.4.2 Duração. Distância.
2.4.3. Dia e hora de partida
2.4.4 Dia e hora de chegada
2.5 Descrição corográfica dos sítios visitados
2.5.1 Oviedo
2.5.2 Compostela
2.5.3 Lisboa
2.5.4 Alvor e arredores de Silves
2.5.5. Silves
2.5.6 Cádis
2.6 Eventos em terra
2.6.1 Organização da esquadra em Lisboa
2.6.2 Notícia do massacre de Alvor
2.6.3 Conquista de Silves
2.6.3.1 Crónica da conquista
2.6.3.2 Zonas e sítios conquistados com Silves
2.6.3.2.1 Castelos dependentes de Silves (pertencentes à sua kura).
2.6.3.2.2 Outras povoações (independentes de Silves, com kura própria).
2.6.4 Ataque a Cádis
2.6.5 Ataque falhado a Tarifa
3. Percursos marítimos
3.1 Dia e hora de partida do porto de origem
3.2 Condições atmosféricas durante a viagem
3.3 Dia e hora de chegada ao porto de destino
3.4 Aspecto da costa
3.5 Eventos durante a viagem
3.6 Excurso geográfico da zona de passagem
3.6.1 Mapa étnico-político
3.6.1.1 Divisão política da Península
3.6.1.1.1 Reinos
3.6.1.1.2 Capitais
3.6.1.2 Divisão étnica do Norte de África
3.6.1.2.1 Povos e regiões de África
3.6.2 Corografia das zonas de passagem
3.6.2.1 Regiões
3.6.2.2 Pontos de geografia costeira
3.6.2.3 Povoações
3.6.2.4 Itinerários terrestres e navais
3.6.2.4.1 Lisboa a Silves
3.6.2.4.2 Do Guadiana a Sevilha
3.6.2.4.3 De Sevilha ao Estreito
3.6.2.5 Outras regiões de referência

 
3.7 Análise geopolítica da zona de passagem
3.7.1 Comunicações e segurança entre Silves e Lisboa
3.7.2 Solidez do poder muçulmano no Algarve e demais zonas de passagem da expedição

Desta estrutura desenvolvo aqui quatro pontos, que se afiguram de maior interesse histórico-geográfico:
A    Reconstituição geográfica e cronológica da viagem. Tipologias das etapas e escalas.
B    Análise da navegação. Extensão e duração das etapas. Velocidades segundo as zonas costeiras e as condições atmosféricas.
C    Corografia regional das zonas de passagem. Lista de topónimos e etnónimos. Itinerários terrestres.
D    História do povoamento do Algarve. Contributo da linguística histórica. Estudo dos topónimos identificados.


A.1 – CRONOLOGIA DA VIAGEM

A tabela seguinte sintetiza a cronologia detalhada da viagem, reconstituída a partir da serialização temporal dos elementos do texto original. Assinala as datas absolutas e ordinais, as condições meteorológicas em cada etapa de navegação e a identificação e eventos principais das etapas.

DATA DiaMeteorologia Etapa/Evento 
8 JUN 1 Chegada La Rochelle 
9 JUN 2 Estadia em La Rochelle 
10 JUN 3 Partida aurora dia seguinte 
10-18 JUN 3-11 Temporal com trovoadasViagem com temporal e trovoadas até Gijón (visto fogo de Santelmo na posta dos mastros, com duas chamas) 
18 JUN 11 Chegada a Gozón-Avilés
19 JUN 12 Viagem terrestre a S. Salvador (Oviedo) a 6 léguas de distância 
20 JUN 13 Regresso às naus 
21-22 JUN14-15 Estadia no porto 
22 JUN 15 Partida ao crepúsculo 
23-24 JUN 16-17 Vento de feiçãoViagem para Tambre com vento de feição 
24 JUN 17 Chegada a Tambre à tarde 
25 JUN 18 Viagem terrestre de 1 dia inteiro até Santiago de Compostela 
26-30 JUN19-23 Calmia ou ventos desfavoráveis Regresso às naus e espera por ventos favoráveis 
1 JUL 24 Partida para Lisboa cerca do meio-dia 
2 JUL 25 Avistamento do Porto cerca do meio-dia 
1-4 JUL 24-27 Vento favorável Viagem de Tambre a Lisboa com vento favorável
4 JUL 27 Entrada na barra do Tejo, de madrugada 
5-16 JUL 28-38 Estadia em Lisboa 
16 JUL 38 Partida ao fim da tarde 
17-19 JUL 39-41 Pouco vento Viagem de Lisboa a Silves (Três dias e duas noites sucessivas, porém devagar) 
19 JUL 41 Avistamento de Alvor depois do meio-dia e entrada no porto de Silves
20 JUL 42 Encontro com o capitão português à tarde 
21 JUL 43 Montagem de arraial junto a Silves na madrugada 
22 JUL-6 SET 44-90 Eventos da conquista de Silves (rendição da cidade a 1 SET), não discriminados aqui.
7 SET 91 Levantamento do arraial e fundeação no estuário de Portimão
8-19 SET 92-103 Permanência no estuário de Portimão
20 SET 104 ? Saída da barra de Portimão, no sentido de Levante 
22 SET 106 ? Pela manhã, chegada a Alle[mir] (algures na Foz do Guadalquivir)
23-26 SET 107-110 Forte vento de Sudeste (Levante) Navegação até ao Estreito e retorno até Cádiz, empurrados por forte vento de SE e temporal. 
26 SET 110 Chegada a Cádiz 
27 SET 111 Destruição dos arredores de Cádiz 
28 SET 112 Vento desfavorável Partida de Cádiz à noite, com ventos adversos 
29 SET 113 Furiosa tempestade Chegada ao Estreito ao meio-dia. Atracagem em Tarifa. Furiosa tempestade. Partida no crepúsculo do mesmo dia
30 SET-5 OUT 114-118 ? Navegação desde o Estreito a Peñiscola ou porto mais a Norte na costa Levantina. Cinco dias e cinco noites.
? ? Chegada a Montpellier 
? ? Chegada a Marselha 


A.2 – ESCALAS PORTUÁRIAS

Porto de escala
#
Datas
Permanência
Chegada
Partida
Dias
Causas/Tipo
La Rochelle
1
8 JUN10 JUN
2
Omissa. (Gerais = Descanso/Reabastecimento).
Gozón
2
18 JUN22 JUN
4
Porto de acesso a santuário de peregrinação.
Tambre 
3
24 JUN1 JUL
7
Porto de acesso a santuário de peregrinação.

Espera por ventos favoráveis. (...et moram in portu pro ventorum prestolatione: David, n. 75).
Lisboa/Tejo
4
4 JUL16 JUL
11
Aparelhamento. Abastecimento para o ataque a Silves (accingebamur ad obsidionem Silvie: David, n. 99)
Silves/Arade (total)
5 
19 JUL20 SET
63
5.1: Preparação do ataque a Silves.

5.2: Cerco militar.

5.3: Negociações políticas e recolha dos espólios.
Arade 
5.1
19 JUL21 JUL
2 
Silves (Arraial)
5.2 
21 JUL7 SET
48 
Arade
5.3 
7 SET20 SET
13 
Guadalquivir 
6
22 SET23 SET
1
Aportagem acidental, empurrados pelo vento.
Cádiz 
7
26 SET28 SET
2
Aportagem acidental após temporal.

Ataque de pilhagem e destruição.
Tarifa 
8
29 SET30 SET
1
Espera para reunião da frota após temporal. (Sed quia maior pars classis adhuc contra ventos obluctabatur...: David, n. 407).

Confrontos armados.
Tortosa/Ebro
9
5 OUT? ?
?
Omissa. (Gerais = Descanso/Reabastecimento).
Tarragona
10
??
?
?
Barcelona
11
??
?
?
Narbonne 
12
??
?
?
Montpellier 
13
??
?
?
Marselha 
14 
??
?
?


B – VELOCIDADE E CONDIÇÕES DE NAVEGAÇÃO

A partir dos elementos da tabela anterior é possível consolidar os elementos de navegação respeitantes a cada etapa:

Etapa #
Data (a)
Dias decimais (b)
Km
(c)
Velocidade média diária 
Meteorologia 
Partida 
Chegada 
Partida 
Chegada 
Duração 
Km 
Milhas
Náut.
La Rochelle-Gozón13 JUN

aurora
11 JUN ? (aurora) 3.29 11.29 8.00 
512 
64.0 34.6 Temporal com trovoadas 
Gozón-Tambre222 JUN

circa crepusculum
24 JUN

vespera 
22.83 24.75 1.92 
440 
229.6 124.0 Vento de feição
Tambre-Porto (passagem ao largo) 31 JUL

circa meridiem 
2 JUL

meridie 
1.50 2.50 1.00 
200 
200.0 108.0 Vento favorável 
Tambre-Lisboa
(Foz do Tejo)
41 JUL

circa meridiem 
4 JUL

diluculo (meridiem a Lisboa)
1.50 4.50 3.00 
520 
173.3 93.6 Vento favorável 
Lisboa-Alvor 516 JUL circa vesperam 19 JUL

post meridiem 
16.75 19.65 2.90 
270
93.2 50.3 Devagar (sed lente quidem, velificavimus) = Pouco vento 
Arade-Guadalquivir 620 SET ? (meridiem) 22 SET

mane 
20.50 22.40 1.90 
200 
105.5 57.0 ? 
Guadalquivir-Tarifa-Cádiz 722 ou 23 SET

? 
26 SET

? 
23.00 26.00 3.00 
220 
73.3 39.6 Forte vento de Sudeste, desfavorável
Cádiz-Tarifa 828 SET

nocte 
29 SET

meridie 
28.88 29.50 0.63 
100 
160.0 86.4 Vento desfavorável 
Tarifa-Peníscola/Tortosa930 SET crepusculum 5 OUT

?(crepusculum)
30.83 35.83 5.00 
865
(d)
173.0 93.4 Furiosa tempestade à partida. O percurso é omisso mas o comentário indicia vento favorável
Tortosa-Tarragona10 ?(e)?1?
Tarragona-Barcelona11 ??1?
Barcelona-Narbonne12 ??6?
Narbonne-Montpellier 13 ??2?
Montpellier-Marseille 14 ??3?

Notas

(a) Para calcular mais rigorosamente as durações das etapas aproveita-se a preciosa informação do original relativa às partes do dia, ou horas medievais, de partida e chegada. As partes são convertidas em fracções do dia a partir das horas decimais que representam. Quando uma parte do dia é omissa no original assume-se idêntica à outra parte explicitada. Quando ambas as partes são omissas considera-se a meia-noite (hora zero). Na conversão usei a tabela seguinte:
Quantificação das horas medievais
Parte do diaHora aproximada Fracção do dia 
aurora, diluculo 7.00 0.291667 
mane 9.50 0.395833 
meridiem 12.00 0.5 
post meridiem 15.50 0.645833 
vespera 18.00 0.75 
crepusculum 20.00 0.833333 
nocte 21.00 0.875 
(b) As fracções do dia são adicionadas aos dias respectivos de partida e chegada, sendo a duração calculada pela diferença das parcelas obtidas.
(c) Medições da distância das rotas aproximadas, traçadas com o software
Google Earth, com um erro estimado de ± 50 km.

(d) No texto não é evidente se a etapa medida se termina por Peníscola ou na foz do Ebro. Como a primeira opção é a mais provável, foi seguida no cálculo da distância.
(e) A partir de Tortosa o texto não indica as datas nem os tempos de permanência em cada porto de escala nem as condições meteorológicas. Indica apenas as durações das etapas até Marselha.


 Relação entre condições atmosféricas e velocidades médias estimadas.
Etapas ordenadas segundo a velocidade média estimada.
Excluem-se as etapas posteriores a Tortosa por omitirem sistematicamente as condições atmosféricas e as partições dos dias de chegada e partida:

La Rochelle-Gozón34.6 Temporal com trovoadas 
Guadalquivir-Tarifa-Cádiz 39.6 Forte vento de Sudeste, desfavorável 
Lisboa-Alvor 50.3 Devagar (sed lente quidem, velificavimus) = Pouco vento
Arade-Guadalquivir 57.0 Condições meteorológicas omissas. Pela velocidade assimila-se à anterior (Pouco vento)
Cádiz-Tarifa 86.4 Vento desfavorável [!] Declaração incompatível com a velocidade.
Tarifa-Peníscola/Tortosa93.4 Furiosa tempestade à partida.
O percurso é omisso mas o comentário indicia vento favorável
Tambre-Lisboa
(Foz do Tejo)
93.6 Vento favorável 
Tambre-Porto

(passagem ao largo) 
108.0 Vento favorável 
Gozón-Tambre124.0 Vento de feição

Informação da tabela anterior disposta em gráfico:

Da análise da tabela e gráfico pode concluir-se que velocidades entre 30 a 40 ou 45 milhas/dia são muito baixas e correspondem a situações de temporal.Velocidades acima de 85 ou 90 milhas correspondem a situações de navegação rápida e favorável.As velocidades de 40/45 a 50/55 podem ser consideradas baixas e próprias de pouco vento. Por exclusão de partes, as velocidades de 50/55 a 85/90 devem ser consideradas medianas (média da classe igual a 70 milhas náuticas por dia = 2.9 nós).

Estes elementos apresentam-se na tabela seguinte:


Condições atmosféricas Velocidade (milhas náuticas/dia) 
Muito favoráveis ≥ 100 
Favoráveis De 85/90 a 100 
Medianas De 50/55 a 85/90 
Desfavoráveis
(pouco vento ou vento contrário)
De 40/45 a 50/55 
Muito desfavoráveis (temporal)De 30/35 a 40/45 
Síntese do quadro geral das velocidades de navegação, segundo as condições atmosféricas

Estes valores devem ser considerados como aproximações. Uma análise mais completa das condições de navegação deveria inclui os elementos das demais crónicas, nomeadamente da De Expugnatione e da Topographia. É porém um estudo que ultrapassa o âmbito deste post. 

A partir de uma leitura rápida de todas as crónicas podem, no entanto, tirar-se algumas conclusões:
  • Os Cruzados alcançam a Península Ibérica no início do Verão, podendo aí permanecer até ao início do Outono. As crónicas são assim testemunhos das condições de navegação estivais em diversos quadrantes peninsulares, com a restrição importante de se limitarem a um périplo no sentido directo. Ficam assim por conhecer as condições e vicissitudes dos percursos inversos, entre o Mediterrâneo e o Atlântico Norte.
  • O Golfo da Biscaia parece ser o lugar de travessia mais arriscada, sujeito a temporais frequentes, mesmo no Verão. Pela omissão de recurso a escalas de cabotagem tudo leva a crer que os Cruzados preferiam fazer uma travessia pelo largo, apesar dos riscos acrescidos.
  • A costa atlântica ocidental a Norte do Tejo apresenta condições meteorológicas muito variáveis: desde as acalmias que obrigam a demoradas escalas de espera até fortes temporais, passando por condições favoráveis.
  • O porto de Faro surge como destino natural para quem vindo da costa ocidental chega ao Golfo de Cádiz sem ventos.
  • A foz do Guadalquivir é o porto de destino natural para quem viaja desde o Ocidente com as condições de vento dominantes do quadrante Oeste 
  • As tempestades estivais no acesso atlântico do Estreito de Gibraltar são temíveis e frequentes. O vento Sul tende então a empurrar as frotas de novo para a zona de Cádiz, podendo obrigar a prolongados períodos de espera em situações de tormenta.
  • A navegação para Oriente no Mar de Alboran pode afastar os barcos da costa ibérica, empurrando-as para as Baleares. Nestas condições o trânsito para as costas italianas estaria muito favorecido.


C.1 – LISTA DE TOPÓNIMOS

Por ordem de enumeração no texto. Identificação com lugares obtidos em outras fontes, nomeadamente com a toponímia árabe medieval e a toponímia actual.
 Topónimo no original


Edição Gazzera & Lopes (G&L)

Edição David.
Identificação do sítio (Topónimo)
Tipo corográfico no original 
Observações 

Fontes árabes Actual e (medieval) 

a
c
d

e
01Rochiel

La Rochelleopulentissimum oppidumOrigem da travessia do Mar Cantábrico
02Goyeum

Gozeun
P
(Gozón/Gauzon) castrum Actualmente Luanco, Astúrias (Alemparte, glosa 11, p. 117-8). 
03Habilem

Abilez 


Avilés oppidum Astúrias. 
04Brittanicum

Golfo da Biscaiamare "Mar da Bretanha". Golfo da Biscaia ou da Gasconha.
05Waschoniam

Gasconha (Vascónia)

06Aragonensium 

AragãoregnumReino cristão da Península Ibérica
07Navarrorum 

Navarraregnumidem
08Ispanie 

Castelaregnumidem
09Galicie 

Leãoregnumidem
10Portugalensium 

Portugalregnumidem
11Toletum

Tolletum, Tholeto 

TULAITULA H: 122Toledo metropolis 
12Sancti Salvatoris

Sanctum Salvatorem 


- (civitas) Outro nome de Ovietum.
13Ovietum

Ovetum


Oviedo civitas 
14Tambre  

Rio Tambre aqua Ria de Muros e Noia. Galiza. 
15Sancti Jacobi

Sancti Iacobi

XANT YĀKŪB  
H: 106
Santiago de Compostela (ad) limina Túmulo com as relíquias.
16Portugaliam 
BURTUKĀL H:151Porto 

17Hostium Tagi  
TĀJO H: 62Foz do Tejo portum Ulixibonae 
18Ulixibona

Ulixibone 

UXBŪNA H: 13Lisboa opulenta et magna (civitas) 
19Sintrum

Sintricum 

XINTARA H: 102Sintra castrum 
20Alvor  
AL-BŪR K: 36Alvor castrum quod subiacebat dominio Silviae (11)
21Silvia  
XILB H: 96Silves regni metropolim (15)Sufixado segundo as declinações latinas.
22Rue

Tue 


Tuyoppidum 
23Gardeam

Dardeam 
?

 

Povoação a conquistar em alternativa a Silves. Identificação desconhecida. 
24Widradi  
Hipotético:

WĀDĪ ARĀDI, WĀD'ARĀD
Rio Arade fluvium 
25Vydeloc

Wideloc

[WĀDĪ] LŪKIYA  
K: 36
Ribeira de Odelouca fluvium 
26
Marorlce


Marrocos

27Callatriva

Callatravia 

KAL'AT RABĀH  
H: 150
Calatravacaput ordine Cisterciensi (mater)Sede da ordem militar de Calatrava
28Ebora
YĀBURA H: 194; YABŪRA H: 196Évoracaput ordine Cisterciensi (filia)Avis, sede da ordem militar homónima
29Sanctam Mariam de Pharum

[ ] de Pharrum 

XANTAMARĪYA BANŪ HARŪM K: 33Faro oppidum 
30Carphanabal

[]
PHipotético:

* DARSENA HANNIBAL

* TARF HANNIBAL
Sagres (Terçanabal)castellum subiacebat dominio Silviae Itinerarium in Terram Sanctam. p. 165: "post Cqbo sant Vincent venitur as nasum, qui dicitur Tarfanabam, deinde est civitas Silvestris...". Sobre esta passagem ver Ferreiro Alemparte: gl.26 p. 172-3.

Ver também:


http://imprompto.blogspot.com/search/label/Portus%20Hannibalis
31Lagus

[]
PAnalogia:

LAKKO H: 159
Lagos castellum subiacebat dominio Silviae 
32Porcimunt

[]cimunt
PAnalogia:

BORTMĀN AL-KABĪR IC: p. 70
Portimão castellum subiacebat dominio Silviae Ver:

http://imprompto.blogspot.com/search/label/Portus%20Magnum
33Munchite  
MONTE XĀKIR K: 36Monchique castellum subiacebat dominio Silviae 
34Montagut  PMUNTEQŪT K: 36Castelo de Alfercecastellum subiacebat dominio Silviae 
35Caboiere

Cab[]
PAnalogia:

JAZĪRA CARBONĪRA
IC: 73
Carvoeiro castellum subiacebat dominio Silviae 
36Mussiene

[]
PAL-MUZÂNA K: 36Messines castellum subiacebat dominio Silviae
37Paderne  
BATERNA K: 36Paderne castellum subiacebat dominio Silviae 
38Alvafere

Albafare

Analogia:

AL-BUHAIRA
in H:51, n. 5 p. 62.
Albufeira  (oppidum ?)  Distinta dos castelos dependentes de Silves. Será assim um oppidum, como as restantes povoações do Algarve identificadas.
39Alle[], Allemir

Allem[ir], Allemir 

AN-NAHR AL-KABĪR H: p. 15Rio Guadalquivir fluvium
40Pharum  


oppidum Ver Sanctam Mariam de Pharum (nº 29).
41Lolé

Lole

AL-ULYĀ K: 36Loulé oppidum 
42Castelar

Castela'

KASTALLAT DARRĀJ H: 143Cacela oppidum 
43Taviram

Taviram, Thaviram

TABĪRA H: 113Tavira oppidum 
44Mertulam  
MĀRTULA H: 165

MĪRTULA H: 183
Mértola oppidum  
45Serpam  
SĪRBA IM: 189
Serpa oppidum 
46Algarbia  
GARB AL-ANDALUS Algarve terram 
47Odianam

Odiana, Odianum

WĀDĪ ĀNA H: p.231Guadiana fluvium 
48Saltes  
XALTĪX H: 98Saltés oppidum 
49Elva  
AWNABA H: 34

ŪNABA H: n.1, p.44

WALBA idem
Huelva castrum 
50Nebula  
LABLA H: 158Niebla castrum fortis
51Fealcazar  
HISN AL-KASR  
H: n. 1, p. 73

HASN AL-KASR idem
Aznalcázar castrum fortis 
52Siviliam  
IXBĪLIYA H: 14Sevilha civitas opulentissima et maxima 
53Corduba 
KURTUBA H: 140Córdoba (civitas ?)
54Scheres  
XARĪX H: 91Jerez oppidum 
55Roda  
RŪTA H: p.125Rota oppidum 
56Cadiz  
KĀDIS H: 132Cádis oppidum, valde opulentum (49)
57Algazinir  
Ver JezeritadraAlgecirasoppidum
58Jezitarif

Iezitarisif, Ieziratarit', Ierizitaris

AL-JAZĪRA TARĪF 
H. 118
Tarifa oppidum 
59Strictum Mare 
AZ-ZUKĀK H: p.154

BAR-AL-XAMY H: 34
Estreito [de Gibraltar] strictum 
60Affricam
IFRYKYĀÁfricaterram
61Phadala  
FADDĀLA I: 147Fadala civitas Mohammedia 
62Sancta Mariae de Chaphairum

Sancte Marie de Chaphairum
?
 

 
regione Segundo a Narratio (David, p. 637) é a região da costa marroquina do Golfo de Cádiz, até Tanger. Não há qualquer razão para uma confusão com Sancta Mariae de Pharrum (contra David, p. 637 nota 378). Pelo contrário, deve procurar-se uma possível dedicação cristã antiga da região e, sobretudo, o corónimo árabe que se pode esconder atrás do nome bíblico de Caphairum entendido pelo autor.
63Labu

[]bu  
?WADI-SEBU ?

(Alemparte, glosa 33, p. 200)

(civitas) Tipo corográfico omitido. Assume-se idêntico ao da primeira povoação do conjunto (Phadala).
64Anaphe  
ANFĀ I: 147Anafé (civitas) Casablanca 
65Zale  
XALLĀ I: 146Salé (civitas) 
66Inzemitz  
AZEMMUR  Azemmour

Azamor 
(civitas) 
67Methemni

Methena  
? MERHITENE ?; MASINA ?Merhitene Oulad Slimane (civitas) Segundo (David, p. 637, nota 383) pode ser a Masina referida por al-Idrisi, nas margens do Wadi Sebu e já em ruínas na sua época.

Corresponderá a Merhitene (de Merhitene Oulad Slimane), no dito rio, junto às ruínas da cidade romana de Banasa.
68Azhila

Azila

AZAYLĀ I: 250

AZILĀ IC: 16
Arzila (civitas) 
69Thanchia  
THANGA IC: 12Tânger (civitas) 
70Marocchus

Marrocus

MARRAKECH I: 141Marraquexe metropolis Africa 
71Ogrimera

Aggumera

GHUMĀRA I: 156,251Gomera terram 
72Barbaria  

Barbaria terram Designação europeia do Magrebe 
73Meca 
MEKKA Meca 

74Albee  ?AL-BAHR... 
brachium maris Talvez "O Mar", segundo a nota de David.
75Mucemuthe

Ca[cir] Mucemuthe

KASR MASMŪDA  
H: p. 131
Alcácer Seguer

Ksar es Seghir 
castrum 
76

SEBTACeuta opulentissimam civitatem Descreve a cidade sem a designar. 
77Jezeritadra

Iezerita Hadra  

AL-JAZĪRA AL-HADRĀ H. 72Algeciras oppidum bonum 
78Iebelatarie  
JABAL TĀRIK H: 111Gibraltar castellum 
79Malagam  
MĀLAKA H: 167Málaga civitas 
80Almonecam  
AL-MUNAKKAB 
H: 179
Almuñecar civitas 
81Almariam  
AL-MARĪYA H: 175Almeria civitas 
82Cartagenam

Kartageniam

KARTĀJANNAT  
H: 139
Cartagena civitas 
83Alacant  
LAKANT H: 161Alicante civitas 
84Deniam  
DĀNIYA H: 73Dénia civitas 
85Valenciam  
BALANSIYA H: 51Valência civitas 
86Buirianam

Burrianam

BURĪYĀNA H: 44Burriana civitas 
87Orpensam  

Oropesa civitas 
88Penisculam

Pinnisculam

BANIXCULA H: 54Peñiscola civitas 
89Betaieniam  ?BAJJĀNA H: 37Pechina civitas Segundo (Alemparte, gl. 35, p. 208-10) trata-se de uma glosa marginal incorporada no texto copiado. As demais identificações são mais problemáticas. Ver (David, p. 641, nota 436). Nesta interpretação, o original "Iuxta Betaieniam est Murcia." referir-se-ia à contiguidade entre as províncias de Múrcia e de Pechina e não às povoações.
90Murcia  
MURSIYA H: 174Múrcia civitas 
91Lebrus  
WĀDĪ IBRO  
H: p. 245
Ebro fluvius 
92Caduba

Caduba ou Cordoba
? 
Córdoba (ver nº 53).
Segundo (Alemparte, glosa 35, p. 211) dele ler-se Corduba, sendo também de uma glosa marginal incorporada no texto copiado.

Segundo (David, p. 641, nota 429), citando (Kurth, p. 207, nota 6) deve ler-se Caduba, identificada com a ilha de Buda no delta do Ebro.
Buda 
93Turtosa

Turtusa, Turtasa

TURTŪXA H: 115Tortosa civitas 
94Catalonia  
- Catalunha terra 
95Taraconia

Terraconia  

TARRAKŪNA H: 116Tarragona civitas nunc parva sedes archiepiscopalis 
96Barcelona  
BARXILŪNA H: 42Barcelona caput comitatus Artalonensis
97Catalonensis

Artalonensis 


Condado de Barcelonacomitatus
98Narbona  
NARBŪNA H: 5Narbonne (civitas) 
99Monspessulanus  

Montpellier (civitas) 
100Massilia  

Marselha (civitas) 
Notas da tabela
(a)
Expressões entre [] significam partes ilegíveis do manuscrito assinaladas por David, em 1939. Este autor segue então a leitura de Gazzera.
(c)
    P    Localização exacta desconhecida ou contestada.
    ?    Identificação desconhecida e hipotética.    
(d)
Os topónimos em itálico precedidos de * são formas não atestadas localmente nas fontes árabes, sendo obtidas por analogia de outros locais ou por reconstrução linguística hipotética. As formas analógicas acompanham-se da bibliografia de onde foi extraído o topónimo original, seguido da forma actual e região onde se situa.    
Fontes bibliográfica dos topónimos árabes (ver bibliografia completa no fim):
H:    Al-Himiyari. Nº de verbete. Na transliteração usa-se J em vez em Ğ e X em vez de Š.
I:    Idrisi. Nº de página da edição de Henri Bresc & Annliese Nef. Transliteração de Abdallah Khawli.
IC:    Idrisi: Nº de página da tradução na edição de José Antonio Conde. Transliteração corrigida por Abdallah Khawli.
IM:    Idrisi: Nº de verbete em Jassim Abid Mizal: Los Caminos de al-Andalus en el siglo XII, CSIC, Madrid 1989
K:    Abdallah Khawli. Nº de página de "Quelques réflexions...". Na transliteração deste autor usa-se K em vez de Q.
(e)
tipo    Topónimo com tipo explícito.
()    Página em que ocorre a designação do tipo, quando o topónimo surge em várias páginas.
(tipo)    Tipo implícito em topónimos pertencentes a um grupo. O tipo designa o grupo, ou é apenas explicitado no primeiro dos topónimos, ou é explícito em topónimos anteriores do grupo.
(tipo ?)    Tipo omisso mas implícito como idêntico ao de um topónimo similar cujo tipo é explícito.
-    Tipo omisso.


C.2 – ETNÓNIMOS

No originalNome árabeNome actual Região Nota David Observações 
Sarracenos

Sarraceni 

Sarracenos 
p. 614 e 621 Designação europeia.
Andeluci AL-ANDALUSYINAndaluzes Em Espanha 164 
Mucimiti, Maximiti MAXMŪDAH Masmuda  Em África165 Tribo berbere iniciadora do movimento Almóada.
Moedini AL-MUWAHHIDŪN Almóadas Em África 165 
Moravidi AL-MURĀBITŪN Almorávidas Em Marrocos 167 


C.3 ITINERÁRIOS

C.3.1 ITINERÁRIOS DE PEREGRINAÇÃO

Itinerários terrestres de peregrinação, percorridos pelos Cruzados.
Itinerário Distância Nota David Obesrvações 
De Gozón a Oviedo 6 Léguas 58 Na realidade c. 30 km (Avilés a Oviedo): légua de 5km. 
De Noia (Tambre) a Compostela Jornada longa (longam dietam)74 c. 30 km


C.3.2 – ITINERÁRIOS DE SEVILHA E DO ESTREITO

O texto identifica quatro itinerários de ligação a Sevilha, três dos quais desde a costa (p. 635-7 edição David), o que parece revelar o interesse invulgar dos cruzados pela que era então a capital peninsular do Império Almóada e potencial alvo estratégico de primeira grandeza. Descreve também um itinerário naval entre o Guadalquivir e o Estreito, em condições de navegação seguramente melhores do que as que os Cruzados experimentaram.

Itinerário Tipo Duração Etapas Observações 
De Silves ao Guadiana
(Apagada no texto)
David: n. 357
Do Guadiana a Sevilha TerrestreDois dias Guadiana 
Huelva Por Gibraleón 
Niebla 
Aznalcázar 
Sevilha 
De Sevilha ao Mar Terrestre ou fluvialDois dias 
David: n 354
De Sevilha a CórdobaTerrestre ou fluvialTrês dias
David: p. 635
De Sevilha ao Estreito Terrestre -Sevilha David: n. 369
Jerez 
Rota Travessia marítima para Cádiz
Cádiz 
Algeciras 
Da Foz do Guadalquivir ao Estreito Naval Dia e meio Allemir David: n. 373
Tarifa 


C.3.3 – ITINERÁRIO TERRESTRE DE LISBOA A SILVES

"...a Silvia usque Ulixibonam septem diete sunt" (David: n. 345)."...7 dias de marcha, dentro dos quais não havia um só lugar seguro nem para cristãos nem para infiéis, por causa da passagem contínua de uns e outros." (Tradução de Silva Lopes em L& G: 42).


D – TOPÓNIMOS DO ALGARVE

Esta tabela será tema de um estudo próprio. Apresento-a aqui apenas com duas notas, sem discussão nem bibliografia.
Com fundo rosa indicam-se os topónimos atestados pela 1ª vez ou exclusivamente na Narratio de Itinere Navali.
Narratio de Itinere Navali Fontes Árabes ou ReconstituiçãoIdentificação geográfica

(a)
Localização precisa do castelo (b)Nome Actual Etimologia Raiz Latina e Pré-Latina 
Albafare  analogia AL-BUHAIRA  SRAlbufeira Árabe- 
Algarbia  GARB AL-ANDALUS S
Algarve Árabe - 
Alvor  AL-BŪRSRAlvor Árabe Mudança de nome

IPSES, *IPSIS 
Caboiere analogia [JAZĪRA] CARBONĪRA SACarvoeiro Moçárabe/Latim CARBONARIU- 
Carphanabal

i.e.Tarphanabal
* DĀRSENA HANNIBAL

* TARF HANNIBAL
SASagres (Terçanabal) Árabe -  
Castela'  KASTALLAT DARRĀJSRCacela Moçárabe/Latim CASTELLU- 
Lagus analogia LAKKO
SALagos Moçárabe/Latim  ? LAC[C]OBRIGA
Lole  AL-ULYĀ SRLoulé Moçárabe/Latim OLEA- 
Mertulam  MĀRTULA, MĪRTULASRMértola Moçárabe/Latim MYRTILIS, MURTILIS
Montagut  MUNTEQŪT PSCastelo de AlferceMoçárabe/Latim MONTE ACUTE 
Munchite  MONTE XĀKIR SAMonchique Moçárabe/Latim  MONTE SACRUM/SACER 
Mussiene AL-MUZÂNA SAMessines Moçárabe/Latim VILLA MESSINA (De Messinu-)
Odiana  WĀDĪ ĀNASGuadiana Híbrido Árabe+Latim ANA[S] 
Paderne  BATERNASRPaderne Moçárabe/Latim VILA PATERNA (De Paternu-)
Porcimunt

i.e. Portimunt
analogia BORTMĀN [AL-KABĪR]  DAPortimão Moçárabe/Latim PORTUS MAGNUS 
Sanctam Mariam de Pharrum XANTAMARĪYA BANŪ HARŪM SRFaro Híbrido Moçárabe+Árabe Mudança de nome

OSSONOBA> UKXUNŪBA
Serpam  SĪRBA  SRSerpa Moçárabe/Latim SIRPENS 
Silvia  XILB SRSilves Moçárabe/Latim CILPES, *CILPIS 
Taviram  TABĪRA SRTavira Árabe - 
Wideloc [WĀDĪ] LŪKIYASRibeira de Odelouca Híbrido Árabe+Moçárabe ? ? LUCI (LUCUS)

? LUCA (SANCTI LUCA)

? LUCINA (SANCTA LUCI[N]A)
Widradi  * WĀDĪ ARĀDI, WĀD'ARĀD SRio Arade Híbrido Árabe+Moçárabe ? ? ARATE 
(a) S: Identificação consensual; D: Identificação disputada; P: Identificação problemática.
(b) R: Localização rigorosa; A: Localização com alternativas possíveis.


Sobre Montagut
Considerando o rigor da fonte na enumeração ordenada dos castelos de Silves, segundo a longitude de Poente para Ocidente, Montagut localiza-se entre Monchique e Carvoeiro. O único castelo islâmico conhecido nesta zona, estabelecido em um "monte agudo" é o de Alferce. Castelo Belinho seria a alternativa, mas a sua localização parece não justificar a designação Montagut. Permanece porém por explicar a dualidade de topónimos (Alferce e Montagut) e o desaparecimento deste último. De facto, em todos os outros castelos identificados, a designação na Narratio corresponde sempre ao topónimo da povoação, que persistiu.
Silva Lopes contradiz-se: por um lado afirma: "vê-se que eles são mencionados na direcção de Oeste para Este; e por isso também nessa direcção procuraremos descobri-los" (LOPES & GAZZERA, n. 24, p. 99) mas depois (p. 105) propõe uma identificação com o sítio de Montagudo na Freguesia de Santo Estevão, concelho de Tavira, que, além de não cumprir a regra da enumeração, se situa numa localização geográfica absolutamente irrealista e extemporânea relativamente ao território de Silves, saltando por cima dos territórios de Loulé e Faro!
Luis Filipe Oliveira (Oliveira, Luis; "Uma fortificação islâmica no termo de Silves: o Castelo Belinho" in Arqueologia Medieval (6), Campo Arqueológico de Mértola, Mértola, 1999, 39-46: n. 22 p. 45) aceita a possibilidade da localização em Alferce. Agradeço ao autor a informação sobre esta referência bibliográfica.

Sobre Albafere
É um topónimo desconhecido antes de 1189, omitido em todas as fontes árabes anteriores à conquista portuguesa.
Surge na Narratio como povoação individualizada relativamente aos castelos dependentes de Silves:
- Não faz parte da lista desses castelos dependentes.
- É digna de sofrer uma confiscação de bens após a sua rendição aos portugueses (Albafere...cujus opes in Silviam transtulit.), o que significa a existência de uma certa abastança económica.
- Os habitantes têm autonomia para se renderem [e, portanto, teoricamente, para terem resistido] contrariamente aos referidos castelos, que surgem apenas como sedes de guarnições, sem autonomia relativamente à cidade.
Albufeira surge assim em 1189 com as características de uma pequena medina fortificada, mais importante do que um mero hisn de aldeia, de modo semelhante a Loulé e Tavira e, talvez, Cacela.
A situação geográfica do seu território nesta época – nomeadamente a sua separação do castelo (e território) de Paderne – revela-se como um pequeno enclave no limite do território de Silves, muito menor do que o futuro termo de Albufeira.
Tudo aponta assim para um desenvolvimento tardio da povoação, mais pequena e menos importante do que Tavira, pois é ignorada no Kitab Rujar (que reflecte o panorama corográfico em c . 1100) , sem merecer sequer um epíteto de qaria, como esta última povoação.
Muito possivelmente pertenceria originariamente a Silves, como castelo ou apenas como torre.
A expansão posterior do termo de Albufeira, com a inclusão de Paderne, deve interpretar-se como a combinação do aumento de importância de Albufeira com o declínio simultâneo de Silves, que se acelerou com a conquista de 1189 e, sobretudo, com os raides cruzados posteriores à reconquista almóada (nomeadamente o de 1217).
Uma situação semelhante poderá ter ocorrido com Aljezur e Marachique (omitidos na Narratio, sem dúvida pelo seu afastamento geográfico), que se terão autonomizado de Silves. Aljezur é também desconhecida nas fontes árabes anteriores à conquista portuguesa. Juntamente com Loulé, Tavira e – presumivelmente – Albufeira, será um sítio que só ganha destaque populacional e autonomia urbana e militar a partir da conquista portuguesa do vale do Tejo.


CARTOGRAFIA

Plano cartográfico do estudo e respectivos modelos de tipologia geográfica. Apresentação sem observações.

NOTA: Os mapas apresentados são versões preliminares de baixa resolução.

1. MAPA GERAL DA PENÍNSULA E NORTE DE ÁFRICA EM 1185-1200.

Base geográfica física e política. Corografia e Etnografia. (Tópicos das tabelas C.1 e C.2).

Modelo corográfico
  1. Base geográfica
    1. Costa (Terra e Mar)
    2. Rios designados
  2. Geografia política
    1. Território e fronteiras estatais
    2. Fronteiras políticas entre o al-Andalus e os reinos cristãos
      1. Em 1185
      2. Em 1200
    3. Ofensivas de conquista territorial entre reinos cristãos
  3. Corografia
    1. Toponímia
      1. No texto
      2. Árabe
      3. Actual
    2. Tipologia geográfica
      1. Zona marítima designada
      2. Porto. Lugar de escala (foz, estuário, baia ou laguna, fundeadouro ao largo)
      3. Rio
      4. Povoação (categorias do original latino)
        1. Metropolis vel Civitas opulentissima vel Caput comitatus    Metrópole, capital ou cidades ilustre
        2. Sedes archiepiscopalis     Sede de Arcebispado
        3. Ad limina    Santuário de peregrinação
        4. Civitas, Oppidum    Cidade e povoações equiparáveis de tipo omisso
        5. Castrum, Castellum    Fortaleza, Castelo
        6. Caput Ordine    Sede de ordem Ordem Militar
        7. Castellum subiacebat dominio Silviae    Castelo dependente de Silves
      5. Região
        1. Geral (parte geográfica)
        2. Particular (região geográfica, província administrativa ou histórica)
      6. Povo/Etnia/Grupo religioso
      7. Estado soberano

 2. MAPA DA EXPEDIÇÃO.

Geografia e historial da expedição. (Tópicos das tabelas A, B, C.3 e coluna (b) de C.1).

Modelo corográfico
  1. Base geográfica da Península generalizada
    1. Costa
    2. Rios identificados no texto
  2. Quadrantes geográficos diferenciados:
    1. Golfo da Biscaia/Gasconha
    2. Costa Galega
    3. Costa Ocidental a Norte do Tejo
    4. Costa Ocidental a Sul do Tejo
    5. Golfo de Cádiz
    6. Estreito
    7. Mares de Alborán e Balear-Sul ("Mar Ibérico")
    8. Costa Brava e Golfo de Lião     
  3. Etapas
    1. Rota estimada
    2. Duração da viagem
    3. Condições atmosféricas
      1. Favoráveis
      2. Adequadas
      3. Acalmia
      4. Desfavoráveis
      5. Temporal
  4. Escalas        
    1. Identificação
    2. Data de partida e chegada aos portos de escala
    3. Duração da permanência
    4. Povoações (contexto da referência no texto)
      1. Portos de escala.
        1. Eventos
          1. Sítio inimigo atacado
          2. Sítio inimigo, lugar de confrontos
          3. Sítio portuário de acesso a santuário de peregrinação
        2. Função naval
          1. Espera para reunião da frota
          2. Aparelhamento da frota
          3. Espera por ventos favoráveis
          4. Não especificada
      2. Santuários de peregrinação
      3. Sítios de vizinhança de porto de escala
      4. Sítio de passagem ao largo ou nas regiões interiores da costa
      5. Referências geográficas regionais
  5. Percursos terrestres de peregrinação
    1. Traçado
    2. Distância


3. MAPA DOS ITINERÁRIOS DE SEVILHA E DO ESTREITO.

Tópicos da tabela C.4. Detalhe geográfico da zona abrangida. Ampliação de escala da zona correspondente do Mapa 1.

Modelo corográfico
  1. Base geográfica costeira
  2. Itinerários
    1. Escala
      1. Topónimo    
      2. Tipo
        1. Término
        2. Estação
    2. Etapa
      1. Traçado
      2. Distância
      3. Tipo de transporte
        1. Terrestre
        2. Marítimo


4. MAPA DO ALGARVE. POVOAÇÕES ASSINALADAS E TERRITÓRIO DE SILVES.

Tópicos da tabela D sobre base corográfica da actualidade. Ampliação de escala da zona correspondente do Mapa 1.

Modelo corográfico
  1. Base geográfica
  2. Povoações
    1. Topónimo
    2. Tipo
      1. Castelos dependentes de Silves
      2. Autonomias
  3. Hidrografia
    1. Topónimo
    2. Traçado
  4. Território controlado por Silves em 1190.
    1. Limite e zona
  5. Ordem longitudinal da enumeração dos castelos 

 

BIBLIOGRAFIA


Edições da
Narratio de Itinere Navali (1189)

Lopes & Gazzera.
Lopes, João Baptista da Silva: Edição bilingue portuguesa. Tradução do italiano, apresentação e notas.
Gazzera, Costanzo: Transcrição latina do manuscrito, tradução italiana e notas. (Publicado originalmente em: Reale Accademia delle Scienze de Torino, Memorie, Scienze Morali, Storiche et Filologiche (2.ª serie, II, 1840): pp. 177-207).
De itinere navali, de eventibus de que rebus a peregrinis hierosolymam petentibus MCLXXXIX fortiter gestis narratio. Relação da derrota naval, façanhas e sucessos dos cruzados que partirão do Escalda para a Terra Santa no ano de MCLXXXIX, Academia das Ciências, Lisboa, 1844

David, Charles Wendell
"Narratio de Itinere Navali Peregrinorum Hierosolymam Tendentium et Silviam Capientum, A.D. 1189. Edited from the unique manuscript in the Library of the Turin Academy of Sciences."
Transcrição latina do manuscrito, tradução inglesa e notas.
in Proceedings of the American Philosophical Society (vol. 81, no.5, December, 1939): pp. 591-676.
O estudo de David está disponível na net em forma não copiável aqui. Para poupar aos leitores essas limitações ofereço-lhes uma versão em PDF, sem restrições aqui. Bom proveito!

Lopes & Gazzera & Matos
Fac-simile de Lopes & Gazzera
Estudo de Matos, Manuel Cadafaz
A cidade de Silves num Itinerário naval do século XII por um cruzado anónimo. Távola Redonda & C.E.H.L.E.-III & Câmara Municipal de Silves, Lisboa, 1999


Estudos sobre a
Narratio de Itinere Navali

Ferreiro Alemparte, Jaime: ver abaixo.

Pereira, Armando de Sousa
"Silves no itinerário da terceira cruzada: um testemunho teutónico" in Revista Militar (edição digital: 6 Julho 2010).
Versão digital: aqui


Edições de outras crónicas de cruzados

David, Charles W. (Ed., Trad.)
De Expugnatione Lyxbonensi – The Conquest of Lisbon. Edited from the unique manuscript in Corpus Christi College, with a translation into English.
Transcrição latina do manuscrito, tradução inglesa e notas.
Columbia University Press, New York, 1936 (Ed. 2000: Phillips, Jonathan: Forward and Bibliography).

Ferreiro Alemparte, Jaime (Ed., Trad.)
"Topographia et Eventus del derrotero frisón a Tierra Santa en 1217 bordeando la Península Ibérica, segundo el relato anónimo contenido en la Crónica de Emón, abad del monasterio premonstratense de Floridus Hortus (Holanda)"
in Arribadas de Normandos y Cruzados a las Costas de la Península Ibérica, pp. 73-232, Sociedad Española de Estudios Medievales, Madrid, 1999.
O estudo indispensável de Ferreiro é de acesso difícil. Como solução temporária tomo a liberdade de apresentar uma versão digital: aqui.

Storm, Gustav (Ed.)
"Itinerarium in Terram Sanctam", de Fratre Mauritio (1270)
in Monumenta Historica Norvegiae. Latinske Kildeskrifter til Norges Historie I Middelalderen
Kristiania, 1880; Cap. VII.
pp. 165-7 (descrição de lugares da Península Ibérica)
Versão digital preparada para este post: aqui.

Stubbs, William (Ed.)
Chronica magistri Rogeri de Houedene (1190)
3 vols., Longmans, Green and Co., London 1868-71.
Vol 3 (1870): pp. 42-50 (descrição de lugares da Península Ibérica):
Versão digital das páginas respectivas do 3º volume, preparada para este post: aqui.


Fontes árabes medievais. Edições críticas e estudos derivados

Al-Idrisi: Kitab Rujar
Conde, José Antonio: Descripcion de España, de Xerif Aledris, Madrid, 1799 (fac-simile: Ed. Extramuros, Mairena de Aljarafe, 2009).
Versão digital: aqui.

Dozy, R. & Goeje, M. J. de (Trad., notas, gloss.): Description de l'Afrique et de l'Espagne.
Texte arabe publié par la première fois d'après les mans. de Paris et d'Oxford, Brill, Leiden/Leyde, 1866.

Versão digital: aqui.

Bresc, Henry & Nef, Annliese (Ed., corr. trad. e notas); Jaubert, Chevalier (Trad.): Idrîsî. La première Géographie de l'Occident, Flammarion, Paris, 1999).

Al-Hymiari
Lévi-Provençal, E.:
La Péninsule Ibérique au moyen-age d'après le kitāb ar-rawd al-mi'tār fī habar al-aktār d'Ibn 'Abad Al-Mun'im de Al-Himyarī, Brill, Leiden, 1938 (fac-simile: Islamic Geography, vol. 150, Institute for the History of Arabic-Islamic Science, J.W. Goethe University, Frankfurt 1993).


Khawli, Abdallah
"Quelques réflexions sur l'histoire de l'Algarve pendant les premiers siècles de l'islamization (VIII-IXème siècle)" in XARAJÎB (2), Centro de Estudos Luso-Árabes, Silves, 2002; pp. 21:40.


Cartografia

Base geográfica
Fraga da Silva, L.: Mapa vectorial da Península Ibérica, Campo Arqueológico de Tavira, 2003.
IGEO, Carta de Portugal à escala 1:500 000,(http://www.igeo.pt/e-IGEO/DOWNLOADS/500_mil/500k_10_11.zip) , Out. 2010

Geografia política
Árias, Gonzalo: Atlas Histórico de la Península Ibérica. Desde Tartessos hasta la muerte de Alfonso VIII (1214), vol. 1, Ed. autor, 2000; mapa 53: "(1185-1200). Alarcos. Guerras de Alfonso VIII".

Carvalho, A. R.; Faria, J. C.; Ferreira, M.A.: Alcácer do Sal Islâmica. Arqueologia e História de uma Medina do Garb Al-Andalus (Séculos VIII-XIII): mapas p. 68-9.

Rotas navais.
Google Earth. Implantação e medição georreferenciada.



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Versão completa e actualizada do texto, com mapas vectoriais (PDF c. 2.2MB) aqui 

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