Esboço das grandes fases da história religiosa do Algarve
Alterações de paradigma religioso: mudança de religião dominante; de equilíbrio sociopolítico de religiões; de doutrina e estratégia de proselitismo; de alteração do poder político do clero; ou de relevância social do fenómeno religioso.
Elementos político-militares e religiosos com incidência na história territorial da região, isto é, nos registos literário, arqueológico, toponímico e etnográfico e na corografia regional da igreja católica.
As datas são aproximadas.
Época | Duração | Alguns aspectos fundamentais | |
1 | c.800AEC-c.500AEC | 300 | Cultos indígenas do Bronze Final. Cultos coloniais fenícios. |
2 | c.500AEC-c.200AEC | 300 | Cultos indígenas da 2ª Idade do Ferro. Interpretações helenísticos de cultos indígenas e de santuários coloniais fenício-púnicos. |
3 | c.200AEC-c.30EC | 230 | Início do domínio romano: de 200AEC a 170AEC. Destruição/abandono dos santuários político-militares indígenas entre 200AEC e 100AEC. |
4 | c.30-c.330 | 300 | Romanização de cultos indígenas no contexto da municipalização, hierarquização provincial e diversificação funcional dos sítios rurais. |
5 | c.330-c.395 | 65 | Dualidade entre cristianismo e paganismo. 1º bispo de Ossonoba: Vincentius (306?-314?) |
6 | c.395-séc.VI | 205 | Cristianização de centros urbanos e similares e de sítios rurais senhoriais. |
7 | Séc.VII-c.714 | 114 | Consolidação do domínio visigodo a partir de c.624. Início do fim do paganismo rural. Destruição dos grandes santuários rurais e sua cristianização. |
8 | c.714-c.850 | 136 | Fim do paganismo rural. Sincretismos moçárabes. Novos cultos hagiológicos e toponimização cristã dos santuários e povoados. |
9 | c.850-c.1120 | 270 | Coexistência regulamentada das três religiões do livro. Sincretismos sufistas. Santuários mistos, como o da "Igreja do Corvo". Islamização das elites locais moçárabes (muladies) e sua ascensão política no séc. XI. |
10 | c.1120-c.1250 | 130 | Repressão dos moçárabes e fim dos santuários mistos. Guerra endémica. Islamização forçada da maioria das comunidades rurais moçárabes remanescentes. Emigração e despovoamento de zonas rurais fronteiriças. |
11 | c.1250-c.1400 | 150 | Colonização portuguesa dos centros urbanos e zonas limítrofes. |
12 | c.1400-c.1500 | 100 | Colonização rural portuguesa. |
13 | c.1500-1755 | 255 | Expulsão dos judeus e mouriscos em 1497. |
14 | 1755-1816 | 61 | Reorganização dos cultos no pós-terramoto de 1755. Expulsão dos Jesuítas em 1759. Acção edilícia do Bispo Gomes de Avelar (1789-1816). Fase final da influência social do cristianismo. |
15 | 1816-c.1850 | 34 | Revolução liberal. Extinção da Inquisição em 1821 e das ordens religiosas em 1834. Guerra civil e Guerrilha miguelista no Algarve: 1828-1840. Descontinuidades de povoamento serrano e de cultos rurais. |
16 | c.1850-c.1950 | 100 | Época tradicional algarvia, limite da identidade colectiva regional. Imigração litoral. Repovoamento da Serra e colonização alentejana das zonas serranas e rurais. Novas festividades populares rurais e marítimas, nos sítios mais povoados e economicamente mais vigorosos. Culto da Senhora de Fátima a partir de 1925. |
17 | c.1950-Actualidade | 59 | Fim do carácter religioso das festividades populares. Fim do cristianismo como fenómeno religioso de massas. Recriação autárquica/turística de cultos "tradicionais" a partir de 1980. |
No comments:
Post a Comment